ATA DA DÉCIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 31.03.1989.
Aos trinta e um dias do mês de março do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Primeira Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Giovani Gregol, Heriberto Back, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Antonio Losada e Ilo Sperb. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Leão de Medeiros que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. Após, o Sr. Secretário procedeu à leitura das Atas da Décima Sessão Ordinária e da Segunda Sessão Solene que, juntamente com a Ata da Nona Sessão Ordinária, foram aprovadas. À MESA, foram encaminhados: pelo Ver. Cyro Martini, 01 Pedido de Providências, solicitando disciplinamento do tráfego na confluência da Avenida Bento Gonçalves com a Rua de Negreiros; 02 Pedidos de Informações, acerca do calçamento da Avenida Polar, na Vila Floresta; do conjunto residencial do DEMHAB, situado na Rua 9 de Junho; pelo Ver. Edi Morelli, 02 Pedidos de Providências, solicitando calçamento, ligação de água e iluminação nas Ruas Erval, Canudos e Guanabara; patrolagem e colocação de saibro na Rua Tenente Ary Tarragô, entre os nºs 57 e 72; 01 Pedido de Informações, acerca dos interventores do transporte coletivo e da existência de funcionários da Carris que trabalhem na SMT e vice-versa; pelo Ver. Isaac Ainhorn, 01 Pedido de Providências, solicitando reposição de lâmpada na Rua 14 de Julho, frente ao nº 244; pelo Ver. Nelson Castan, 01 Pedido de Informações, acerca de rendimentos do “over” e saldos da conta corrente da Administração Centralizada junto ao Banco do Estado do Rio Grande do Sul, no corrente mês; pelo Ver. Wilson Santos, 01 Pedido de Providências, solicitando capina e limpeza da Praça Paulo Aragão Bozano, s/nº, Vila Ipiranga, na Escola Estadual de 1º e 2º Graus Gomes Carneiro. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 06/89, da Câmara Municipal de Braga-RS; 36/89, da Prefeitura Municipal de Cotiporã-RS; 50/89, da Câmara Municipal de São Leopoldo; 147/89, da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do Estado do Rio Grande do Sul; s/nº, da Câmara Municipal de Piraúba-MG; s/nº, do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul; s/nº, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil; Circular nº 08/89, do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio Grande do Sul. A seguir, o Sr. Presidente informou que os trabalhos da presente Sessão seriam interrompidos, conforme Requerimento do Ver. João Motta, para discutir temas relevantes para a comunidade, bem como levar o Plenário a uma reflexão sobre a defesa dos Direitos Humanos. A seguir, o Sr. Presidente registrou a presença do Ex-Vereador Índio Brum Vargas, representando a Ordem dos Advogados do Brasil – Secção Rio Grande do Sul – neste espaço especial, e convidou-o a fazer parte da Mesa diretora dos trabalhos; consultou o Plenário sobre o tempo destinado aos pronunciamentos e concedeu a palavra aos Oradores. O Ver. Dilamar Machado, em nome do PDT, discorreu sobre a data histórica de trinta e um de março, rememorou fatos de repressão e personalidades atingidas por arbitrariedades resultantes daquele Movimento. Materializou sua homenagem aos cassados e oprimidos na pessoa do Ex-Vereador Índio Vargas, o qual sofreu aprisionamento face seu frontal manifesto contra a Revolução de 1964. Concluiu afirmando que a repetição de um golpe de estado no Brasil de hoje seria desastroso e que as seqüelas daquele Movimento só se extinguem no direito de voto e na conquista de eleições para presidente do país. O Ver. João Motta afirmou que se deve refletir, diante dos acontecimentos a partir de 1964, a nossa realidade atual; lembrou que não se deve ignorar que forças conservacionistas impedem até agora avanços tanto na área política como econômica do país. E propugnou pela continuidade da luta da sociedade democrática, por partidos políticos sem tutela das forças armadas e direito do exercício de papel político às entidades democráticas. O Ver. João Dib afirmou que o princípio moral das revoluções é construir e não destruir. Declarou que a perda de hierarquia no país e a exigência do próprio povo impulsionaram o Movimento de 1964. Propôs uma revolução pelo voto, criticando a falta de eficiência dos governantes e do patriotismo em geral. O Ver. Luiz Braz, abordando o assunto, afirmou que aquele golpe se deu contra as lideranças do PTB. Ponderou sobre as decorrências desse Movimento, criticou a reforma educacional instalada no país a partir daí; declarou seu apoio à candidatura do Sr. Leonel Brizola para Presidente da República, e afirmou que o país ainda sofre seqüelas daquele ato repressivo. O Ver. Lauro Hagemann asseverou que o Movimento de 1964, patrocinado pelo militarismo brasileiro, foi orientado de fora do país; analisou a situação econômica daquela época e concluiu afirmando que os setores educacional e sindical do país foram atingidos de forma a aniquilá-lo e desmobilizá-lo, respectivamente. O Ver. Wilson Santos denominou aquele Movimento de neo-revolucionário e que dele se deve tirar lições e não discutir os méritos. Afirmou que a defesa do Liberalismo é a liberdade e a democracia, encarecendo que não se devem repetir fatos como os de 1964 na página de nossa história. O Ver. Ilo Sperb registrou transcurso de um quarto de século desde a Revolução de 64; asseverou que se deve reflexionar sobre as conseqüências nefastas para a sociedade e o resgate que essa mesma sociedade empreendeu em busca da democracia e a liberdade usurpadas pela ditadura. O Ver. Clóvis Brum relatou experiências relativas ao âmbito de sua família concernentes ao assunto e afirmou que a Revolução de 64 foi um movimento forjado, sem o consentimento do povo, e que infelicitou o país no ponto de vista democrático. Declarou, ainda, que não se alinha a essa ideologia e que a consciência militar do país não é mais golpista. E o Dr. Índio Vargas, da Comissão de Direitos Humanos da OAB, ressaltou o importante momento de reflexão que aqui se realiza e a premente necessidade desse ato se generalizar; criticou declarações do Sr. Presidente da República ao afirmar que as instituições democráticas estariam em risco em razão da crise econômica. A seguir, o Sr. Presidente agradeceu a presença do convidado e determinou fosse efetuada nova verificação de “quorum” para o início da ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Secreta, foi aceito o Veto Total aposto ao Projeto de Lei do Legislativo nº 24/88 (Proc. 524/88), por vinte e seis Votos NÃO dados ao Projeto, após ter sido discutido pelos Vereadores Cyro Martini, Lauro Hagemann e Isaac Ainhorn, tendo sido escrutinadores os Vereadores Luiz Braz e Airto Ferronato. Ainda em Discussão Geral e Votação Secreta, foi aceito o Veto Parcial aposto ao Projeto de Lei do Executivo nº 143/88 (Proc. nº 2476/88), por dezesseis Votos NÃO contra doze Votos SIM dados ao Projeto, após ter sido discutido pelos Vereadores Luiz Braz, Cyro Martini, Elói Guimarães, Flávio Koutzii e Clóvis Brum, tendo sido escrutinadores os Vereadores José Valdir e Ervino Besson. Em prosseguimento, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Cyro Martini, de Moção de Apoio à decisão dos Diretores dos Departamentos Estaduais de Trânsito de encaminhar ao Congresso Nacional manifestação favorável à concessão de carteira de motoristas para menores na faixa etária de 16 a 17 anos; e de Voto de Congratulações com Tamaco – Indústrias Reunidas; do Ver. Leão de Medeiros, de Voto de Congratulações com a União Gaúcha dos Escrivães, Inspetores, Investigadores, Radio-Telegrafistas e Mecânicos da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul; e do Ver. Nelson Castan, de Voto de Congratulações com a Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Executivo 11/89; 170 e 171/88; e o Projeto de Lei do Legislativo nº 04/89, este discutido pelo Ver. Isaac Ainhorn; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 166/88; o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 01/89; e o Projeto de Lei do Legislativo nº 19/89; e, em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Executivo nºs 155; e 157/88. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Luiz Braz denunciou a atuação do Presidente da Comissão de Inquérito, Ver. Nelson Castan, instalada para averiguar denúncias de irregularidades nos vales-transporte, salientando que esta Casa deve tomar medidas para que tal Comissão haja com mais seriedade. O Ver. Clóvis Brum reportou-se ao pronunciamento de hoje do Ver. Luiz Braz, questionando a condição do Presidente daquela Comissão de Inquérito como denunciante e também dirigente dos trabalhos da mesma Comissão que investiga as irregularidades; lembrou o aspecto ético da questão e solicitou o cumprimento do Regimento Interno, citando os artigos 40 - §1º e 11 - § 6º. O Ver. Heriberto Back endossou o pronunciamento de hoje do Ver. Luiz Braz; e denunciou irregularidades no âmbito da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, referindo-se a alvoroço causado por notícia veiculada pelo Presidente dessa Comissão, Ver. Nelson Castan, sobre não cumprimento de vinda a esta Casa pelo Sr. Secretário Municipal dos Transportes. Afirmou que os membros dessa Comissão desconheciam qualquer deliberação sobre o assunto. E o Ver. Isaac Ainhorn, reportando-se ao pronunciamento de hoje do Ver. Luiz Braz, definiu Comissão de Inquérito como um instrumento importante na busca da elucidação de denúncias, instrumento de natureza judicante; e afirmou necessitar esta Casa de tempo hábil para desenvolver jurisprudência nesse sentido já que, segundo S. Exª, o Regimento Interno tem-se mostrado carente. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente respondeu às seguintes Questões de Ordem: do Ver. Vicente Dutra, acerca da leitura e distribuição em avulsos das Atas; do Ver. Clóvis Brum, sobre o artigo 40 - § 1º do Regimento Interno; do Ver. Luiz Braz, sobre a condição das Comissões de Inquérito serem abertas à Imprensa; e do Ver. Isaac Ainhorn, sobre verificação de “quorum”; e recebeu, ainda, Requerimento Verbal do Ver. Clóvis Brum, solicitando seja ouvida a Comissão de Justiça e Redação acerca dos artigos 40 § 1º e 111 § 6º. E o Ver. Flávio Koutzii solicitou ao Sr. Presidente anunciasse a vinda do Sr. Secretário Municipal da Fazenda a esta Casa, marcada para a próxima segunda-feira, às dez horas. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente encerrou os trabalhos às treze horas e quarenta e um minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Especial de segunda-feira, às dez horas. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Clóvis Brum, Lauro Hagemann e Adroaldo Correa, e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Adroaldo Correa. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Declaro abertos os trabalhos da presente
Sessão.
Gostaria
de registrar a presença hoje, nesta Casa, do ex-companheiro, ex-Vereador Índio
Vargas. Aproveito a oportunidade para convidá-lo a fazer parte da Mesa.
O SR. VICENTE DUTRA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, na verdade é um
Requerimento. Requeiro à Mesa o estudo da possibilidade de se dispensar a
leitura da Ata no início das Sessões e dispensar também a cópia xerografada da
Ata para cada Vereador, isto é, dando somente uma cópia para cada Bancada, por
uma questão de economia. O que se verifica é o seguinte: os Vereadores que
estão interessados pegam a Ata na sua Bancada e vão verificar se há alguma
alteração a ser feita e comunica. Então, no início da Sessão consultaria ao
Plenário se há alguma retificação a ser feita.
Deve
constar no Regimento Interno, não me recordo se consta ou não, mas se isso pode
ser alterado, a leitura da Ata, que ninguém presta atenção e para quem está na
galeria fica uma coisa muito desagradável e também por uma questão de economia
a publicação, a entrega dos avulsos para cada Vereador, entregando um a cada
Bancada tão-somente.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa entende, nobre Vereador, que o
assunto que V. Exª levanta em forma de Requerimento oral é relevante, embora
entenda também que a matéria possui regulação regimental, no entanto, como o
assunto em relação à distribuição das Atas em avulso, pode ser uma questão a
ser definida entre as Lideranças desde que não colida com o Regimento Interno,
solicito a V. Exª, pela relevância do assunto - e nós que nos encontramos aqui
diariamente sabemos dos problemas em relação a isso -, que formalize esta
questão por escrito para que ela inclusive possa ser levada ao seio da
Auditoria da Casa e, sobretudo, da Comissão de Justiça, para que avalie a
questão levantada por V. Exª.
Solicitamos
ao Sr. Secretário que proceda à leitura do Requerimento, de autoria do Ver.
João Motta, que permite, Requerimento este aprovado por esta Casa, que
contempla uma Sessão específica no dia de hoje, antes de propriamente entrarmos
na Ordem do Dia, em que parte da Sessão Ordinária seja destinada à discussão de
temas relevantes para a comunidade, bem como a uma reflexão sobre os Direitos
Humanos. Solicito ao nobre Vereador que proceda à leitura do Requerimento
aprovado por esta Casa.
O SR. 3º SECRETÁRIO: (Lê o Requerimento.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo definição regimental sobre o
tempo ou indicações das Lideranças para que sejam feitos pronunciamentos acerca
do Requerimento aprovado por esta Casa, a Mesa consulta V. Exas sobre
o tempo que se destinaria a cada pronunciamento de cada Partido, lembrando a
todos que nós temos também hoje, para discussão, dois Vetos e, exatamente por
isso, é que submete a questão do tempo ao Plenário. (Pausa.) O Ver. Clóvis Brum
sugere cinco minutos para cada pronunciamento partidário.
Nós
registramos, também, com enorme satisfação, a presença, nesta Casa, do
ex-Vereador Índio Vargas que, nesta oportunidade, se faz presente,
representando a Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Rio Grande do Sul, que
comparece a esta Casa para participar da parte especial da Sessão.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, já iniciamos a parte
especial da Sessão?
O SR. PRESIDENTE: Ainda não, Vereador, estávamos apenas
consultando o Plenário para saber o entendimento sobre a questão do tempo a ser
usado pelas Lideranças.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, a nossa preocupação é com
respeito ao Veto que vamos apreciar. Esta Casa está recebendo vários
professores municipais, os quais têm interesse na citada matéria e como alguns
deles, certamente, estão-se ausentando de seus locais de trabalho, penso, e,
por isso consulto V. Exª, se não seria melhor apreciarmos o referido Veto, em
primeiro lugar, e, logo a seguir, déssemos curso à parte especial da Sessão.
O SR. PRESIDENTE: Creio, nobre Vereador, que em face do
tempo que foi sugerido, cinco minutos para cada Liderança, não haverá problemas
para que se realize, primeiramente, a parte especial da Sessão.
Com
a palavra, o Ver. Dilamar Machado, pelo PDT, que dispõe de cinco minutos.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há
vinte e cinco anos nesta mesma data de 31 de março Porto Alegre tinha um dia
mais ou menos parecido com este: dia claro, dia de sol e um dia calmo, embora
houvesse boatos de quem em Brasília, em São Paulo, em Minas Gerais,
preparava-se um golpe contra as instituições. Nesta data, há vinte e cinco
anos, na parte da noite, o jovem Prefeito Sereno Chaise, eleito pelo Partido
Trabalhista Brasileiro, comemorava o seu aniversário e um menino de quatro anos
também comemorava o seu quarto ano de vida, nosso Líder Vieira da Cunha, que
hoje completa seus 29 anos de idade. O Governador do Rio Grande do Sul era o
Dr. Hildo Meneghetti e o Presidente da República, historicamente todos sabem,
era um gaúcho de São Borja, João Goulart, levado ao poder pela resistência do
Movimento da Legalidade em 1961, quando o golpe de 64 fora abortado três anos
antes pela liderança do, então, Governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola.
Mas quando amanheceu 1º de abril, aí sim, a Nação Brasileira mergulhava num
golpe militar clássico, latino-americano: tanques nas ruas, prisões,
brutalidades, violências, o império da ignorância e o fim das liberdades
individuais.
Nesta
Casa, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, trabalhavam Aloísio Filho, Revoredo
Ribeiro, Martim Aranha, José César de Mesquita, Say Marques, Ábio Hervê, Wilson
Arruda, Célio Marques Fernandes, Hamilton Chaves e outros tantos companheiros
que representavam o povo de Porto Alegre na Câmara Municipal e a seqüência de
atos violentos que se seguiram ao golpe de 64 a história que o Brasil já contou
e há de contar sempre como um dos episódios mais duros e mais tristes da nossa
vida.
Da
janela da Prefeitura Municipal, hoje ocupada pelo Prefeito Olívio Dutra, ao
lado do Prefeito Sereno Chaise, do Vice-Prefeito Ajadil de Lemos e de outros
companheiros do PTB da época, nós assistíamos a cenas de violência contra o
povo no largo da Praça XV. Dali, nós, impotentes e desarmados, víamos a Polícia
Civil, a Polícia Militar e o Exército unidos, reprimindo com a violência sem
nome qualquer tipo de manifestação. E começaram os atos institucionais, e as
prisões e as cassações e o exílio, o Congresso Nacional foi fechado e muita
gente que hoje veste a camisa da democracia, naquela época estava sob a asa do
militar. Muitos que hoje se arvoram em líderes da democracia chegaram a redigir
e assinar atos institucionais. Aqui no Rio Grande, o Secretário da Justiça era
o Dr. Paulo Brossard de Souza Pinto - eu já disse da tribuna e vou repetir,
porque historicamente precisa ser repetido - foi ele que determinou a prisão do
então Presidente do PTB do Rio Grande do Sul, Deputado Estadual cassado, João
Caruso, recolhido, em roupa de presidiário, ao Presídio Central de Porto
Alegre, que ele construíra e inaugurara quando Secretário de Obras do Governo
Brizola.
Aqui
na Mesa desta Casa, hoje, senta uma das figuras humanas mais fantásticas que eu
conheço e que me proporciona a oportunidade de nele materializar a minha
homenagem àqueles que foram cassados, torturados, agredidos no que o ser humano
tem de mais precioso que é a sua liberdade, que é o Ver. Índio Vargas, Dr.
Índio Brum Vargas, aqui representando a Ordem dos Advogados do Brasil/RS. O
Índio foi eleito, comigo, Vereador em 1968. Ficou vinte e seis dias na Casa. No
26º dia teve o seu mandato cassado, seus direitos políticos suspensos e, como
todo o jovem da época, jogou a sua inteligência, a sua juventude numa
resistência que hoje nós sabemos - não é Índio? - inútil contra a força da
ditadura. E durante muito tempo o Índio esteve recolhido nas masmorras da Ilha
da Pólvora, de onde saiu doente, debilitado, após quase dois anos de prisão
pelo fato de ter-se colocado publicamente contra o golpe às instituições.
Surgiram,
então, e é bom que a gente lembre nesta data, os biônicos. Os mais jovens, essa
jovem militância, até do Partido dos Trabalhadores, tem que sentar nos livros e
ler essa época. Quando nomeavam Governadores, se nomeavam Prefeitos, começaram
a nomear Senadores da República acima do direito do povo.
Porto
Alegre foi reconquistar o direito de eleger um prefeito com a eleição do
Collares, o Olívio foi o segundo, porque até então vinham as nomeações, a
nomeação indireta.
O
Governo do Rio Grande, o primeiro Governador dos últimos tempos foi o Jair
Soares, os outros eram nomeados. E havia uma espécie de espeto corrido de
generais no governo. Era um após o outro, saía um e entrava o outro. E o País
viveu vinte e cinco anos, e até hoje vive, uma época muito dura e escura. E nós
estamos reconquistando agora, neste ano de 1989, vinte e cinco anos depois, o
direito de escolher um Presidente da República, talvez para abrir portas
efetivamente para a Nação Brasileira.
Só
para encerrar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é muito bom que as pessoas
leiam a Ordem do Dia de hoje das Forças Armadas. É bom que leiam. Façam uma
reflexão do que vem sendo dito nesta Nação. Porque eu acredito, Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, que um golpe como o de 64, hoje, mergulha a Nação numa guerra
civil. E, muitos de nós morreremos. O Brasil de 1989 não é o Brasil de 1964. O
Brasil de 1989 não é o Brasil do PTB que foi esmagado em todas as suas
lideranças. E, casualmente, hoje, como uma profunda raiz das vítimas do golpe
de 64, surge para nós do PDT, a esperança de que a sua maior vítima seja
futuramente o Presidente dessa República para reconstruir a Nação Brasileira,
junto com outros companheiros. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Motta, do
Partido dos Trabalhadores.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, prezado
amigo e companheiro Índio Vargas, representando a Ordem dos Advogados do
Brasil, Senhoras e Senhores.
Entendemos ser de fundamental importância refletirmos neste 31 de março, em particular, sobre os acontecimentos que se sucederam no processo Constituinte, e que coroaram um processo de transição política informado pela hegemonia do conservadorismo, que acabou culminando com a definição de um conceito novo sobre a questão da segurança no Brasil. E formando uma visão sobre o Estado tutelado pelas Forças Armadas, e com isso impossibilitando mais uma vez que este País desse um passo radical no sentido do seu encontro com a modernidade e com os direitos civis. E este conceito não possui nada do liberalismo clássico contido nas Constituições de 1891 e de 1946. Mas, apresenta aparentemente alguns avanços, como a descentralização tributária, como um repensar no papel dos Municípios e o fortalecimento do Congresso. Mas é conservador quando mantém um conteúdo reacionário no papel das Forças Armadas e do Judiciário e ainda da representação política eleitoral.
Este
novo conceito de segurança nacional não é mais aquele conceito da segurança
nacional truculento e obtuso articulado pelos ideólogos da Escola Superior de
Guerra, quando do episódio de 1964. Mas, é um conceito, e o Documento “Temas
Constitucionais do Exército” que informou todo o lobby das Forças
Armadas no processo Constituinte nos informa e nos indica que se trabalha agora
com o conceito de Estado de Defesa que tenta substituir e se mostrar como
alternativa ao conhecido Estado de Sítio. E se no Estado de Sítio a decretação
passava pela legitimação do Congresso Nacional, o Estado de Defesa não passa, passa
apenas dezessete dias depois. Portanto, o Presidente da República pode, no
momento que julgar, decretar o chamado Estado de Defesa e abolir todos os
preconceitos que garantem os direitos individuais do País. E uma segunda
característica, que nos parece fundamental ressaltarmos, é que o Estado de
Defesa, ao contrário do Estado de Sítio, não se volta também para a preservação
da ordem interna ou de uma possível guerra interna, mas se propõe
fundamentalmente voltar-se para a questão da guerra externa. Portanto, esse
conceito é mais moderno e sofisticado, porque o Estado mantém todo um aparato
herdado do período negro de 1964, mas agora moderniza a sua visão de Estado,
legitimando com isto a tutela militar ao Estado brasileiro.
Um
segundo conceito que também nos parece chave nessas reciclagens propostas pelo
documento da ESG, diz respeito ao Conselho de Defesa Nacional, que também não
se restringe apenas a ações eventuais e isoladas e a Constituição é clara
nisto, diz que o Conselho de Defesa Nacional é algo permanente e contínuo, como
é o caso presente da questão da Amazônia. Portanto, o papel político que as
Forças Armadas desempenham, a partir dessas modificações, e a partir da
afirmação desses novos conceitos é como se exercesse um papel político de um poder
moderador entre um Presidente ou um executivo, exercido por um Presidente
eleito diretamente pelo voto e um Congresso Nacional, garantidas as suas
prerrogativas. A conclusão que nos parece evidente e que podemos chegar é que
de fato é diferente do quadro de 91 e de 46 e é diferente da noção de segurança
nacional da época de 1964. É algo novo.
Por
isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, essa contradição entre um Estado
tutelado e uma sociedade que urge por liberdades e autonomias, só pode ser
desdobrada e assumida por nós, a partir de três posturas que me parecem ser
fundamentais: que instituições democráticas, como a Câmara Municipal de Porto
Alegre assumam, a partir de agora: em primeiro lugar, a exigência de que se
lute incansavelmente e radicalmente por uma sociedade civil democrática e
organizada; que averigúe fatos e episódios, como o Bateau Mouche, a
devastação da Amazônia e os crimes impunes, como foi o assassinato do
companheiro Chico Mendes; que, cada vez mais, se resgate o papel dos partidos
políticos, como sujeitos construtores de uma nova história, onde não exista
mais a cada ato e a cada definição política desse País, a tutela e a
participação das Forças Armadas. E essa conquista, me parece que é evidente, se
terá de fato nessas eleições presidenciais que se avizinham.
E
para concluir, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nos parece que também está
reservado um papel político-histórico às instituições democráticas, como a
Câmara Municipal de Porto Alegre, que dá uma demonstração positiva quando propõe
esta reflexão e consegue fazer esta reflexão neste dia 31 de março. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Clóvis Brum): O próximo orador é o Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o
princípio moral da revolução é instruir e não destruir. O pensamento não é meu,
é de Thomas Bey. Pelas revoluções acontecem, às vezes, coisas boas, às vezes
coisas injustas; as injustas nós lastimamos e lastimamos profundamente. Nós
vimos, mesmo do lado da Revolução, injustiças acontecerem, mas é o que acontece
nas revoluções e nós lastimamos nos momentos em que elas aconteceram. Muitas
vezes, e na maioria das vezes, gostaríamos de ter interferido em algumas
decisões, mas não nos foi possível, nós não éramos ouvidos. Mas isso é
revolução, acontece. Um País que perdeu todo o senso de hierarquia, de
responsabilidade, onde a economia estava afetada, onde o cabo se virava contra
o general, a autoridade foi se perdendo. O Presidente da República ia à praça,
no célebre 13 de março, esquecendo da sua posição de Presidente da República,
para intranqüilizar o povo. As mulheres saíam às ruas rezando por soluções. E
na verdade ela aconteceu, este País progrediu, as comunicações melhoraram
enormemente, saúde, o ensino, e, agora, nós estamos, hoje, vinte e cinco anos
após, reunidos aqui para falar de direitos humanos, mas o direito nasce do
dever. E quando alguns devem dirigir com exação, com orientação segura,
tranqüila, esquecem de fazer, há, por certo, vozes que se levantam, como hoje
se levantam as vozes contra o atual Governo que está intranqüilizando o povo e
que, até, está dando sensação de que nós vivemos pior, e vivemos mesmo, do que
nos idos de março de 1964.
Mas,
evidentemente, o Ver. Dilamar Machado já disse aqui que hoje os tempos são
diferentes, que hoje o momento é outro. E este País que progrediu ao longo
destes vinte e cinco anos, e está regredindo agora, soube o seu povo colher
subsídios, informações, experiências que lhe indicam o caminho da democracia
que deve ser preservada. Mas isso foi porque aconteceu o Movimento
Revolucionário que tinha o desejo de instruir e não de destruir este País, e
que fez este País crescer e que, hoje, o povo, nas ruas da cidade, nas ruas
deste País, diz que tem lembranças, diz que tem saudades, porque havia mais
tranqüilidade, havia mais segurança, havia mais comida, havia melhores salários
e, hoje, nós estamos perdendo tudo aquilo que ao longo do tempo, ao longo de
vinte anos de revolução, vinte anos de governos ditatoriais, como foi dito aqui,
e Prefeitos que foram nomeados. Mas, antes do João Antônio Dib, por exemplo,
ser indicado Prefeito, já com Getúlio Vargas, e eu quero dizer que Getúlio
Vargas é meu ídolo político, eu entendo que foi um dos maiores estadistas que o
mundo teve, um dos melhores que este País teve, eu tenho dele saudades como o
povo brasileiro, em grande parte, tem, sem que dele eu pretenda me beneficiar
usando o seu nome, muita gente usa o nome de Vargas, não faz o que Vargas
fazia.
Então,
eu vejo agora que se reclama que Prefeitos foram nomeados, que Governadores
foram nomeados, mas são os mesmos que falam de Vargas, o mesmo que colocou
interventores neste Estado, o mesmo que trouxe o maior Prefeito que esta Cidade
já teve, José Loureiro da Silva, e que era certo, na época. Então, é difícil
dizermos o que é bom e o que é ruim, enquanto as paixões nos dominam ainda.
Volto a dizer que revolução se fez, ou se faz, em tese, para instruir e não
para destruir, mas, lamentavelmente, revoluções atingem pessoas que nós não
gostaríamos que fossem atingidas, atingem instituições que nós não gostaríamos
que fossem atingidas, mas, na verdade, na revolução também existem duas
espécies de pessoas, segundo Napoleão, os que fazem a revolução e outros que
dela se aproveitam, lamentavelmente. Mas nós podemos fazer aqui a revolução do
voto, a revolução do amor à Cidade, do amor ao Estado e do amor à Pátria, e nós
teremos um País melhor, nós temos a responsabilidade de uma revolução
diferente, a revolução da capacidade, da responsabilidade e da eficiência, e
até a revolução do patriotismo. Ontem, eu até vi, neste Plenário, pessoas
ouvirem o Hino Nacional de braços cruzados. Nós não temos mais o mínimo de
patriotismo, para que o Hino Nacional, a Bandeira da Pátria nos levante, nos
galvanize. As coisas estão andando mal.
Então,
nós precisamos fazer uma revolução: a revolução do trabalho, da dignidade e da
decência. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Golpe
de 1964 foi dado contra as antigas lideranças do PTB daquela época, porque
muito embora eu tivesse dezesseis anos, Ver. Dilamar Machado, e não
participasse, como V. Exª, ainda do processo político da época, eu era
estudante e participava muito ativamente do movimento estudantil, não aqui em
Porto Alegre, mas lá na minha cidade, em Ribeirão Preto, no interior do Estado
de São Paulo. O estudante participava dentro de sua classe e influía, muito
decisivamente, também, na vida política, antes de 1964. A geração que mais
sofreu, a geração que mais pagou pelo Golpe de 1964 foi a minha geração, porque
nós que praticamente iríamos começar a nossa vida política daí a dois anos,
fomos calados, fomos emudecidos. Eu fiz parte de uma geração que não teve o
direito de começar a discutir os problemas nacionais.
E
foi em 1967, contrariando aqui o que disse o meu amigo Ver. João Dib, que os
capitães se revoltavam, Ver. Dilamar Machado, e faziam um manifesto dizendo o
ensino militar, o ensino que era dado para os militares, era deficitário,
deficiente. E, a partir de 1968 ou 1969, começaram a ser criadas, aqui neste
País, as melhores academias militares e, em contraposição, exatamente é desta
época também a malfadada reforma do ensino, que levou o Golpe também às nossas
crianças, porque a nossa geração, que já havia sido calada a partir de 1964,
esta já pagava um tributo pesado. Foi a partir de 68/69 que as crianças também
começaram a pagar este tributo, porque começaram a não ter o direito de pensar,
o direito de raciocinar. Ou alguém desconhece que foi mais ou menos nesta época
o início do Método Abelhinha, onde a criança não raciocina, onde a criança
recebe tudo mastigado, para não raciocinar, para não pensar, era exatamente
para não criar lideranças, era exatamente para que as crianças ficassem
alienadas e para que nós, a nossa Nação, pudesse ser cada vez mais dominada
pelo capital estrangeiro.
Esse
é um dos motivos pelos quais eu me voltei para o PTB e já disse aqui que o PTB
do Rio Grande do Sul, se depender de mim, Ver. Dilamar Machado, bem como da
posição dos companheiros com os quais eu tenho relacionamento, vai apoiar
Brizola para Presidente da República, porque ele era um dos líderes daquela
época, que se insurgia contra o capital estrangeiro, amassando a economia
nacional. E foi exatamente no período da Revolução, pós 1964, que nós tivemos o
capital estrangeiro amassando a nossa economia. É que nós tivemos lideranças
que, de repente, quando tiveram a oportunidade de fazer uma Constituição fizeram
uma Constituição que diz no art. 208 o seguinte: “Que o ensino será obrigatório
para aqueles que não tiverem alcance a ele”. Dá uma melhorada no texto, porque
antes era dos 7 aos 14 anos e agora diz que é qualquer idade. Só que tem uma
coisa, não diz quando é que será, diz que será obrigatório. Lá numa das alíneas
do art. 208 desta nova Constituição diz que as autoridades que assim não o
fizerem serão punidas. Mas se eles não têm um tempo marcado para tornar o
ensino obrigatório, tanto faz uma hora como a outra.
Quer
dizer, o ciclo que começou em 1964 ainda não terminou, vai encerrar com as
eleições presidenciais deste ano, se por acaso as eleições ocorrerem porque aí
já está o Presidente Sarney - Presidente que V. Exª ajudou a escolher algum dia
- dizendo que se a inflação continuar assim nós não vamos ter eleições. Quer
dizer, já é uma ameaça ao povo brasileiro e este grupo que está aí dominando é
o mesmo grupo que ajudou a fazer a Revolução de 1964. É o seu grupo que está
aí. Então não é apenas uma revolução de decência; não é apenas uma revolução de
trabalho, não é apenas esta revolução do campo moral, é muito mais do que isso,
Ver. João Dib, é uma revolução para se retirar do poder este grupo que está
massacrando esta Nação desde 1964 e para se colocar pessoas que tenham o
interesse de fazer deste País a grande Nação que ele merece. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, fui
testemunha ocular da Bernarda de 1964. Na época eu era dirigente sindical e
vivi intensamente o período anterior à preparação do Golpe. Tínhamos assistido
o formidável movimento da Legalidade em 1961 que serviu quase que como um
ensaio para o Golpe de 1964. O que não fora conseguido em 1961 foi corrigido
para que em 1964 desse certo. E claro que as forças progressistas e populares
deste País também contribuíram para este desfecho, porque a desorganização
popular era muito grande havia um certo açodamento de algumas lideranças que,
na ânsia de aparecerem, apregoavam organização popular, sindical, estudantil
que realmente não havia. Isso ficou demonstrado com muita clareza.
Mas,
Srs. Vereadores, o Movimento de 1964 patrocinado ostensivamente pelo
militarismo brasileiro, ele foi realmente orientado de fora. Infelizmente, a
nossa elite militar vem sofrendo já a bastante tempo desde a famosa e
famigerada obra do Golbery em 1954 - não me recordo agora, é um nome famoso - é
um estudo geopolítico. Desde aquela época se preconizava e se pôs em execução
um processo de lavagem cerebral na nossa cúpula de dirigentes militares, coisa
que acontece até hoje ainda. Então, estes militares, os que eram escolhidos
para atenderem ao generalato sofriam esta revisão periódica, no exterior.
Se
nós formos creditar a situação econômica do Brasil de 1964, ela era
infinitamente diferente do que estamos assistindo hoje, a dívida externa era
menos de 4 bilhões de dólares, a inflação chegava a 90% ao ano. Então houve
outros motivos que determinaram este golpe. A situação geopolítica do Brasil,
no concerto americano, mundial até, é o maior País do Continente, é a metade do
Continente, houve uma série de conjunções que determinavam que o Brasil devesse
prosseguir numa trilha que interessava a outros menos aos brasileiros. E o
processo se desencadeou com repercussões que nós estamos pagando até hoje e
vamos pagar até o ano 2000 e mais além, porque toda a vez que acontece a
interrupção de um processo democrático num País, se dá, depois, o vácuo de
lideranças. Isso aconteceu no período de 1930 a 1945, e acontece agora no
período de 1964 a 1982 ou 1984. Eu quero me referir particularmente a dois
setores da sociedade, fundamentais setores da sociedade que foram desmontados
com muita eficiência e com muita frieza. O setor educacional e o setor
sindical. O setor educacional já foi referido pelo Ver. Luiz Braz, os famosos
acordos Mec-Usaid, de 1967 que começaram a produzir o emburrecimento
coletivo no Brasil e no campo do trabalho, na organização do trabalho a incursão
no Movimento Sindical, e, pior do que tudo isso, a instituição do Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço que substituiu a estabilidade. E o autor dessas
duas nefastas medidas para o País está hoje aí, pousando de democrata, o
Senador Jarbas Passarinho. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): Com a palavra, o Ver. Wilson Santos,
Líder do PL.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este
Vereador era praticamente um menino quando essa revolução aconteceu. Não
pretendo aqui fazer nenhuma análise acadêmica ou de profundidade sobre o
movimento revolucionário de 1964, acredito que ele teve suas razões, teve seus
acertos e desacertos e acho que nós dela devemos tirar lições para uma maior
maturidade em termos de experiência. Eu fui vítima de parte dos erros da
revolução, minha família o foi. Qual o pecado cometido por meu pai? Salvou uma
vida, a vida de Leonel Brizola, no estrito cumprimento de sua profissão de
enfermeiro. Até me permito aqui registrar estes detalhes. Era meu pai
enfermeiro do Palácio do Governo e o Dr. Leonel Brizola devia receber uma
injeção de penicilina sem nunca ter feito teste de reação. Como um dos feitios
do Dr. Leonel Brizola era aquele “aplica que eu garanto”, meu pai aplicou, mas se
preveniu, não sei se com adrenalina ou fenergan, alguma coisa que atua no
choque anafilático. Desceu e, meia hora depois, foi aquele tumulto no Palácio
porque o Dr. Leonel Brizola havia sofrido um choque anafilático. Aplicado o
antídoto, ele recolocou as coisas nos seus devidos lugares, numa demonstração
de eficiência profissional.
Esse
foi o pecado para que os maus revolucionários fizessem com que nossa casa, em
governo posterior, ficasse sob suspeita. Eu tive acesso aos processos,
posteriormente, onde constavam o “croquis” da nossa casa, o seguimento dos
passos do meu pai, a imposição de uma injustiça em cima dele, tendo sido
aposentado em governo posterior, não com as 44 horas que tinha direito, mas com
22 horas, expurgado da máquina governamental. Mas, nem por isso meu pai, com a
grandeza que tem, sentiu qualquer ressentimento ou ódio e cito isso porque é um
fato que foi gerado por pessoas que participaram da Revolução, que se não
desmerecem o todo da Revolução pelo menos poder ser consideradas indignas,
porque colocaram toda sua fraqueza humana em nome de uma revolução.
O
que resgato hoje, como membro deste parlamento e defendendo o liberalismo que
prega, na sua essência, o bem maior, que é a bandeira desfraldada da liberdade,
não é se a revolução foi boa ou má, não precisamos entrar no mérito, o que
queremos é que jamais na história da nossa Pátria tenhamos outro movimento
revolucionário que venha a prejudicar o bem maior do ser humano que é a sua
liberdade.
Para
finalizar, quero dizer, sem nenhuma conotação heróica, que darei a última gota
de meu sangue para defender democracia e liberdade e que desejo que revolução
seja feita pelo voto, revolução nas urnas. Digo que o cidadão tem diferença de
indivíduo. Indivíduo é aquele que não tem direitos civis ou políticos, enquanto
o cidadão é como aquela árvore de casca espessa e rígida que lhe abriga o
melindroso do âmago para que o bicho da podridão não carcoma o cerne, fazendo
com que apodreça e morra. O cidadão tem como que uma casca espessa e rija que o
envolve, abrigando o seu cerne para que o bicho da podridão também não o coma,
só que o cerne do cidadão é o seu direito político, é o seu direito civil, é o
direito ao voto!
Para
concluir, Sr. Presidente, digo que aquele que abrir mão do voto, abrir mão da
revolução pelas urnas certamente estará abrindo mão da defesa do seu teto, da
sua prole e da sua honra. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Ilo Sperb, pela
Bancada do PSB.
O SR. ILO SPERB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, existem
muitos brasileiros que pensam que nesta data não devemos falar, para não
lembrarmos aquele trágico 31 de março de 1964.
Um
quarto de século se passou, alguns continuam pensando assim, continuam em
silêncio, outros nunca silenciaram, e falaram, denunciaram, gritaram, foram
presos, muitos torturados, não se sabe exatamente quantos foram assassinados,
também não se conhece o verdadeiro número de desaparecidos.
Mas,
o povo resistiu e essa resistência de um povo bravo, aos poucos ganhou novos
adeptos, cresceu em número, centenas passaram a ser milhares, milhares se
transformaram em milhões, cresceu a consciência e milhões de brasileiros
chegaram às praças públicas, resgatando a democracia e a liberdade usurpada
pela ditadura.
Esse
exemplo não pode ser esquecido. Por isso preferimos falar para lembrar e
homenagear os irmãos brasileiros que estiveram presos, os que foram torturados,
os massacrados, exilados ou desaparecidos, cujo único crime foi ousar pensar,
divergir e falar. Muitas consciências foram sufocadas, restam muitas vivas,
suficientes para continuar a luta e chegar a liberdade. Embora não tenha vivido
intensamente aquele triste episódio em função da idade, falo para expressar
todo respeito que tenho, pelos que mantiveram acesa a esperança de um povo, de
um dia ser livre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum, Líder
do PMDB.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Dr.
Índio Vargas, Presidente da OAB, efetivamente, hoje, os boletins internos das
três Forças Armadas são lidos em formatura solene e, segundo informações da
imprensa, dizendo das razões do Movimento de 1964. Não podemos nos alinhar com
essas razões porque, efetivamente, também estivemos envolvidos em meio a série
de violências que desabou não só na classe política, mas até na intimidade dos
lares da classe política.
E
eu, particularmente, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, lembro como se fosse
hoje, era uma tarde de sol quente e eu sentado na modesta sala de minha casa,
assistiu a um capitão, genro de um Vereador da UDN, de Uruguaiana, me parece
que passou a major depois, comandando trinta homens em algumas viaturas do
Exército. Cercaram minha casa e de lá retiraram preso o meu pai. Não demorou
muito ele foi cassado e expurgado. Mais tarde esse mesmo capitão, Alarico,
realizava a minha prisão e a prisão de um irmão meu, até menor de idade.
E
aí, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para concluir esse ciclo de 1964, cada
vez que chegava um Ministro da Guerra ou Presidente daqueles imposto pelo
regime da ditadura, quando uma dessas autoridades chegava em Uruguaiana, era
realizada, previamente, uma série de prisões e todos levados a um verdadeiro
campo de concentração, já implantado no então 4º Grupo de Artilharia. Lá havia
um cercado de arame farpado, onde o meu irmão permaneceu por longa data
confinado e, ao final, quando na relação em que saía o nome do Índio Brum
Vargas, também, saía a do meu irmão, ambos cassados em 1968.
Então,
nós não podemos cantar os mesmos louvores que a Ordem do Dia, hoje, nas Forças
Armadas. Nós sempre entendemos que o movimento surgido, forjado e implantado em
1964 não era, não era, e nunca foi com o consentimento popular, absolutamente.
Os adeptos do velho golpismo lacerdista, das agostadas é que evidentemente
aplaudiram os militares. Só esqueciam os adeptos do Sr. Carlos Lacerda que
depois mais tarde os militares liquidariam eles também.
Mas,
efetivamente, em que pese o Ver. João Dib ter dito que se comia melhor, que se
ganhava mais, que se tinha maior segurança, eu não sabia que o Ver. João Dib
era tão feliz assim. Acho que efetivamente foi um período de total infelicidade
para esta Nação. Não só de pão vive o homem. Não basta que nos dêem comida. Nós
queremos a nossa liberdade, nós queremos pensar, nós queremos sonhar, nós queremos participar dos destinos do
nosso País.
A
nossa geração foi mutilada, completamente mutilada. Cassaram as lideranças em
1964, mutilaram as lideranças em 1968, nos anos 70 mutilaram novamente. Foram
mais de duas décadas de terror para com a liberdade. Comida, podia ter mais
comida, sim. O milagre brasileiro, as cadeiras estavam cheias, muito dinheiro
vindo do exterior para consagrar o Golpe de 64. Muito dinheiro do exterior para
consagrar o Golpe de 64. E, hoje, nós temos que pagar com a fome dos nossos
irmãos o endividamento da experiência militar. Experiência que, sinceramente
infelicitou este País do ponto de vista da democracia e do ponto de vista da
administração pública.
Portanto,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é o nosso registro neste dia 31 de março. Devo
comer com mais dificuldade, alguns irmãos meus devem comer com mais
dificuldade, mas eu não recebo mais cartas com o envelope rasgado e amarrado em
pleno quartel, como na condição de militar. Claro que meus irmãos devem comer
numa mesa menos farta, mas eu depois de dez anos de militar não vou receber o
Certificado de Reservista da Categoria no meio da rua como recebi. E não tem
mais a proibição de Clóvis Brum entrar em qualquer unidade de 3º Exército, como
até hoje deve estar prevalecendo, depois de ter servido dez anos o Exército,
proibido que fui de entrar em qualquer unidade no âmbito do 3º Exército,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Enquanto na condição de candidato
do PMDB. Enquanto candidato da ARENA, o Ver. Jorge Goularte, entrava
tranqüilamente sem problema nenhum.
Sr.
Presidente, para concluir. Acho que não é um problema pessoal. Graças a Deus
vivemos com mais dificuldades, dificuldades impostas pela má administração dos
Governos militares. Não pode um homem de cavalaria entender de engenharia.
Então foi uma Administração horrível. Foi um período danoso. E nos entregaram
este País dizimado. Falava o Ver. Adroaldo Corrêa que o “Jornal do Brasil”
enfocava que o encargo da dívida externa do Brasil, na década de 80 será maior
que a dívida externa, tudo isso para consagrar o Golpe de 1964.
Evidentemente,
que os tempos são outros, Ver. João Dib, tenho certeza de que, hoje, a
consciência militar deste País não é mais golpista. A consciência militar deste
País não pode ser e não é mais golpista. Acho que o Brasil amadureceu, e os
militares, também, devem ter amadurecido, e hoje não há mais lugar para golpe.
Aquela afirmação infeliz do Presidente Sarney, infeliz como o mandato que vem exercendo,
não nos preocupa absolutamente, porque hoje o País vive democraticamente. As
instituições vão ter vida mais perene e nós haveremos de encontrar soluções
para o grande problema que assola o Brasil, que é a sua dívida externa, herança
maldita dos governos militares. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Nós passamos a palavra ao último orador
deste espaço especial, o representante da OAB, Dr. Índio Vargas.
O SR. ÍNDIO VARGAS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que
quero me penitenciar, porque eu vim aqui por indicação da Ordem dos Advogados,
da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem, mas eu não sabia que se tratava de
uma Sessão especial e solene como esta, vim até sem gravata, agora tive que
arrumar uma gravata emprestada para poder dizer duas palavras.
Como
hoje é um dia de reflexão, eu vou pedir que os Vereadores, a Mesa e os
presentes, façam um reflexão, não sobre a história, porque sobre a história o
Dilamar Machado fez uma reflexão muito boa sobre a história, assim como os
outros oradores também o fizeram. Mas vamos fazer uma reflexão, efetivamente,
sobre a conjuntura, ou seja, sobre um fato grave ocorrido, agora, recentemente,
e que merece a nossa reflexão: O Presidente da República, Sr. José Sarney, disse
que as instituições estão ameaçadas e que o processo sucessório está em perigo,
as palavras não são essas textualmente, mesmo porque eu não ando decorando,
ultimamente, os discursos presidenciais. Mas disse que tudo isso aconteceria
caso não seja contido o surto inflacionário. Bom, isso aí não é tarefa minha,
dos Vereadores é, em parte, mas uma parte quase inimaginável, a
responsabilidade é dele Presidente, é dele dirigente da Nação, é dos Ministros,
é das instituições que ele comanda.
Então,
acho que nós estamos vivendo um momento muito grave, porque se o próprio
Presidente da República sai da sua condição de Líder máximo da Nação, para
dizer que essa Nação está ameaçada e que o processo político sucessório está em
perigo, realmente temos que tomar uma posição. Não estou querendo dizer com
isso que tomemos uma decisão aqui, mas como o momento é de reflexão eu convido
todos para que pensemos sobre isso e sobre a situação cujo desdobramento é
impensável, mas o fato é pensável, deixo isso para que todos pensemos.
Era
isso. Muito obrigado. É a primeira vez que venho aqui depois de quase um
século, porque há um século eu fui tirado daqui e me calaram, mas agora até
voltei a falar. Quer dizer que, estamos vivendo com tanta liberdade, pelo
menos, que até eu falo aqui e o Presidente da República diz que estamos na
ameaça de um golpe. Vejam em que situação estamos! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a presença do convidado, que
participa deste espaço especial, Dr. Índio Vargas, que é motivo de honra para
todos nós. Ele por aqui passou e, hoje, se encontra novamente conosco num
convívio fraterno e muito nos honra com a sua presença.
Solicito
ao Sr. 3º Secretário que proceda à verificação de “quorum”.
O SR. 3º SECRETÁRIO: (Procede à verificação de “quorum”.) Há
“quorum”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Havendo “quorum”, passamos à
PROC.
Nº 0524/88 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 024/88, de autoria do Ver. Paulo Sant’Ana, que denomina
Praça Universíade um logradouro público.
Parecer:
- da CUTHAB. Relator Ver.
Lauro Hagemann: pelo acolhimento do Veto Total.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 024/88 - Veto
Total. Com a palavra, para discutir, o Ver. Cyro Martini.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a minha
vinda a esta tribuna deve-se, tão-somente, a uma colocação no parecer do nobre
Ver. Lauro Hagemann. O ex-Vereador Paulo Sant’Ana, eu o conheço, a par de ser
hoje na atividade funcional colega, eis que exerce o mesmo cargo, e, ao colocar
no seu Parecer, o Ver. Lauro Hagemann as expressões “não creio possa ter havido
má-fé no encaminhamento da questão”, deixa transparecer de algum modo poder ter
havido alguma falta de natureza moral, algum resquício de leviandade, embora
sem mandado, de parte do ex-Vereador Paulo Sant’Ana, entendo eu, na qualidade
de seu amigo pessoal, de seu colega, de vir a esta tribuna para dizer,
conhecendo-o como conheço, que ele o fez sem qualquer objetivo que possa ser
reprovado moralmente, e que a sua atitude possa ser reprovada. Aí a minha
pequena peroração e colocação a respeito da matéria.
Por
outro lado, conheço a Praça Universíade, e conheço, também, a senhora que
batalhou a respeito, e, certamente, a ansiedade que a movimentou constantemente
para transformar a área verde situada entre as Ruas Marcone, Nélson Zang e
Padre Tedesco, na Intercap, no Partenon, levou a que mais de um Vereador
tomasse a mesma iniciativa. Não só por residir naquela área, na Rua Albion, mas
por ter trabalhado na chefia de uma repartição bem próxima da Praça
Universíade, também eu fui acionado no sentido de transformar aquela área verde
na que é hoje Praça Universíade. E lá está assim determinado, por uma pedra que
marca, como quis e quer a Lei já definida anteriormente ao Processo
movimentado, e também transformado em Lei, pelo ex-Vereador Paulo Sant’Ana. É
apenas essa observação, para deixar bem clara a lisura daquele que eu conheço -
e conheço muito bem - que é meu amigo há muitos anos e que é meu colega. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Clóvis Brum): Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver.
Cyro Martini veio à tribuna em defesa do ex-Vereador Paulo Sant’Ana. Eu
gostaria de dizer que esta defesa não seria necessária. Todos nós conhecemos o
ex-Vereador Paulo Sant’Ana e, se ele é colega do Ver. Cyro Martini, é colega
mais antigo meu, como jornalista. De sorte que, neste terreno, pelo menos, estamos
empatados. Mas no meu Parecer, eu não fiz referência à má-fé, nem de longe me
passou pela cabeça esta referência, a má-fé do Ver. Paulo Sant’Ana. E eu
pediria a atenção dos nobres Vereadores para uma interpretação não subjetiva do
que está escrito e, sim, a mais objetiva possível. Não creio possa ter havido
má-fé no encaminhamento da questão. Não creio, porque no encaminhamento da
questão ficam envolvidos, não só o Vereador que faz o pedido, mas, também, o
órgão governamental que faz a comprovação, no caso a SMOV.
Então
houve, de fato, um desencontro no encaminhamento, porque quando o ex-Vereador
Paulo Sant’Ana solicitou da SMOV a indicação do local para dar a denominação,
ela, a SMOV informou, e informou mal, ao ex-Vereador Paulo Sant’Ana, que o fez
induzir ao equívoco. Mas não partiu dele esta questão. Por isso eu digo,
taxativamente: não acredito que possa ter havido má-fé. Houve um desencontro de
informações que redundou no que estamos assistindo. Eu não teria nenhuma razão
em imputar ao ex-Vereador Paulo Sant’Ana qualquer laivo de impropriedade, de
deslize ou de qualquer coisa que o seja. Acontece que havia um projeto já
aprovado, do ex-Vereador Ênnio Terra, dando este nome a este logradouro público
e o ex-Vereador Paulo Sant’Ana apenas foi mal informado, acredito que até pela
repartição competente, que não apontou a existência, já, do nome para o citado
logradouro. Deu-o como liberado para receber o nome que estava sendo proposto
pela segunda vez.
Era
só isso. Eu creio ter desfeito qualquer mal-entendido que possa ter havido,
lamentavelmente. O Projeto foi aposto com propriedade. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não vou
usar da totalidade do tempo que tenho, apenas com relação à questão suscitada
da duplicidade do nome de ruas, eu quero dizer que o Prefeito Olívio Dutra
finalmente acertou uma. Vamos votar favoravelmente à manutenção deste Veto e
sugerir a ele que comece a trabalhar em benefício da Cidade, solicitando que o
Secretário da Fazenda, ao invés de fazer viagens, que não adiantam
absolutamente nada, como essa viagem para a Europa que não resolveu nada, pois
o Vice-Prefeito de São Paulo, do PT, disse que foi lá e não conseguiu nada,
afinal de contas é da vida conseguir ou não conseguir, que não fique enfeitando
a gente, que comece a trabalhar e peça ao Secretário do Planejamento e à
Secretaria Municipal de Obras e Viação que faça um levantamento das ruas que
têm nomes duplos, na cidade de Porto Alegre. É uma sugestão que fica aqui da
tribuna, a propósito desta temática em questão agora. Que faça um levantamento
e apresente projeto de lei a esta Casa, substituindo os nomes iguais de ruas
por nomes diferentes, para que não aconteça, por exemplo, como me citava a
pouco o Ver. Luiz Vicente Dutra, que há duas Ari Tarragô, e também o Ver. João
Dib falava de que tem uma Alberto Bins em Belém Novo, que causam inúmeros
transtornos.
O Sr. Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Apenas para contribuir com V. Exª, há uma Lei Complementar, de
autoria desse Vereador, aprovada por unanimidade pela Casa, que regula toda
essa matéria de denominação de logradouros duplos. Eu citaria ainda, além do
exemplo que V. Exª citou, o da Estrada Chapéu do Sol, confusão incrível entre a
Estrada Chapéu do Sol e a Av. Chapéu do Sol, e a Estrada da Cavalhada e Av.
Cavalhada, Estrada do Campo Novo. Então são correções que este Vereador não
conseguiu fazer naquela ocasião, porque encontrou muita reação por parte dos
moradores das Avenidas que deveriam trocar o nome. Algumas foram trocadas, mas
é muito oportuna a sugestão de V. Exª e eu a ela me somo.
O SR. ISAAC AINHORN: Exatamente, nesse sentido, Sr.
Presidente, a nossa contribuição e a nossa saudação ao Prefeito Olívio Dutra,
que andou bem nesse Veto aí. Finalmente, temos a oportunidade de cumprimentá-lo
desta tribuna. Mas que sirva esse Veto para que a Prefeitura Municipal inicie a
trabalhar em benefício da população. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação.
(Pausa.) Não havendo quem queira encaminhar, passa-se ao processo de votação.
Convido
os Vereadores Luiz Braz e Airto Ferronato para escrutinadores.
Solicito
ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a
votação.
O SR. 3º SECRETÁRIO: (Após proceder à chamada.) Votaram 26
Srs. Vereadores, Sr. Presidente.
(É
procedido o escrutínio.)
O
SR. PRESIDENTE: REJEITADO
o PLL nº 024/88, por 26 votos NÃO.
Aceito, portanto, o Veto Total a ele aposto.
PROC.
Nº 2476/88 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 143/88, que altera redação de dispositivos da Lei
6151, de 13 de julho de 1988 e dá outras providências.
Pareceres:
- da CFO. Relator Ver. Vieira da Cunha: pela manutenção do Veto Parcial;
-
da CEC.
Relator Ver. Cyro Martini: pela rejeição do Veto Parcial;
-
da CUTHAB. Relator Ver. Heriberto Back: pela manutenção do Veto
Parcial.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 143/88 - Veto
Parcial. Com a palavra, o Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em
primeiro lugar, quero cumprimentar a todos os professores do Município que,
apesar de, aqui na Câmara Municipal, hoje, estar sendo votada uma matéria de
seu maior interesse, não usam a pressão para fazer com que o voto dos Srs.
Vereadores seja pela derrubada do Veto. Preferiram os professores mandar para a
Câmara apenas uma representação, para que essa representação assistisse de
perto à votação dessa matéria e levasse o relato para toda categoria. Este
cumprimento é exatamente porque neste exato instante, nas escolas municipais,
esses professores que poderão ser atingidos pela manutenção do Veto ou pela sua
derrubada, estão fazendo com que as escolas estejam em funcionamento e as
crianças não estão sendo prejudicadas. Atitudes assim de profissionais tão
conscientes dos seus deveres, das suas obrigações, só podem merecer os aplausos
da população de Porto Alegre, que é representada por esta Casa nesta
Legislatura.
Alguns
Vereadores vão ter uma missão muito difícil, quando estiverem analisando o Veto
a este artigo 6º e ao seu parágrafo único. Não se trata mais, Ver. Flávio
Koutzii, de simplesmente uma gratificação quase idêntica àquela que foi dada
para os técnico-científicos da Centralizada. Nós estamos tratando aqui é da
possibilidade de o professor do Município continuar mantendo um determinado
padrão de vida que lhe possibilite aquilo que a Legislatura passada lhe deu:
condições para ir até a sua escola e para poder ministrar ensinamentos para os
seus alunos com uma certa tranqüilidade. O que acontecia, antes de aprovarmos,
nesta Casa, o Plano de Carreira dos Professores, o que acontecia antes era que
os professores viviam numa situação de miserabilidade. Nós conseguimos tirar os
professores desta situação na Legislatura passada.
Se
nós tivéssemos hoje, Ver. Vieira da Cunha - e estava lendo que é de autoria de
V. Exª um dos pareceres pela manutenção do Veto - se tivéssemos hoje, uma outra
proposta do Prefeito Municipal Prof. Olívio Dutra com relação ao aumento do
funcionalismo, que contemplasse, não uma reposição salarial, mas pelo menos as
perdas com a inflação, diria a V. Exª que até poderíamos ser favoráveis à
manutenção deste Veto, porque, afinal de contas, o que os professores estariam
pedindo hoje, com a derrubada do Veto, seria alguma coisa a mais do que eles já
possuíam. Mas, quando vemos que a proposta que vem do Executivo é de 25%,
quando na verdade temos uma inflação de 76%, digo, Ver. Elói Guimarães, que nem
mesmo esta gratificação, se ela for confirmada com a derrubada do Veto, vai
repor aos professores tudo aquilo que eles perderam.
O
que nós estamos votando aqui, hoje, Ver. Vieira da Cunha, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, não é simplesmente a derrubada de um Veto que vai dar alguma coisa
a mais para os professores, não. Nós estamos votando, aqui, hoje, a
possibilidade desses professores manterem as suas mesmas condições, de poderem
ir para as suas escolas e ministrarem ensinamentos para as crianças que lá
estão esperando. Com as mesmas condições, não queremos condições nem maiores,
nem menores, as mesmas. Eles vão ter condições menores, dado o aumento proposto
pelo Executivo Municipal.
É
por isso que tenho certeza absoluta, e eu não vejo aqui, agora, um Vereador
Professor, Ver. José Valdir, que é useiro e vezeiro em estar presente nas
greves dos professores estaduais, porque ele faz parte deste grupo de
professores do Estado, reclamando o salário dos professores estaduais, e eu digo
que os professores estaduais, a essa altura, com o aumento que vai dar o Estado
e com o aumento que vai dar o Município, o aumento vai proporcionar a que os
professores do Estado passem a ter mais vantagens, passem a ter um salário
maior do que este que vão começar a receber os professores municipais.
Está
aí o Professor José Valdir. Então eu tenho certeza de que hoje, para ser
coerente, que hoje, para não fugir a sua linha de trabalho, o meu amigo, a quem
eu tive a honra de me ombrear em algumas lutas lá na Vila Santa Rosa, vai votar
pela derrubada deste Veto que impede que os professores municipais tenham
condição de continuar o seu trabalho. É uma luta do Ver. José Valdir, dentro da
sua categoria no Estado e não posso conceber que dentro do Município o Ver.
José Valdir tenha uma outra concepção para esta luta que os professores
empreendem. Não por vantagens. Não é por vantagens. Inclusive quando chegava,
nesta Casa, eu lia um levantamento que era feito pelo Líder do PT, Ver. Flávio
Koutzii. Esse levantamento do Ver. Flávio Koutzii dava ao conhecimento desta
Casa que vai haver, com a derrubada deste Veto, um aumento de 546 mil cruzados
no orçamento, que vai refletir mais ou menos 8% desse orçamento. E é realmente
preocupante, porque nem eu e nem ninguém aqui queremos inviabilizar a
Administração Municipal. Não é e nunca foi esse o meu desejo e já falei isso
várias vezes para o Líder do PT. Vou votar aqui tantas vezes quantas forem
necessárias para permitir que a Administração Municipal possa ser viabilizada e
possa fazer o melhor pela Cidade. Eu fui um dos que vim a esta tribuna e
defendi os 3% para o ITBI, quando havia uma proposta de 2% para ele e tinha
dito, anteriormente - não sei se o Líder do PT está lembrado -, que, se a
proposta do Líder do PT fosse colocada aqui, que era a escalonada que ia até os
5%, votaria favorável a proposta dele, porque é uma forma da Administração
Municipal arrumar recursos para poder gerir os seus negócios internos. Agora, o
que não é justo é que a Administração possa ajustar os seus negócios em cima da
classe dos professores.
Eu
já falei uma vez e vou repetir que, se for, nobre Ver. Flávio Koutzii, para
arrumar este Município, que o Vice-Prefeito Tarso Genro possa apontar onde é
que estão aqueles cinco mil ociosos que ele disse que havia dentro do serviço
público municipal. Eu tenho certeza absoluta, e pode crer nisto, Ver. Flávio
Koutzii, eu não vou mudar a minha posição e não vou tecer nenhuma crítica aqui,
se o Vice-Prefeito apontar onde estão os cinco mil ociosos e propor inclusive a
retirada deles de dentro do serviço público municipal, porque isto está
atrapalhando que os que trabalham possam receber em condições dignas. E a
máquina está emperrada, exatamente, por isso também. Agora, não adianta falar
que tem cinco mil ociosos e não apontar onde estão, deixar o funcionário
público até numa situação difícil perante a opinião e ficar propondo aumento na
base de 25%, quando a inflação é de 76% ou querendo cortar algumas vantagens
que oferecem apenas, por exemplo, como agora, para os professores condições a
que eles possam ministrar com mais tranqüilidade os seus ensinamentos nas
escolas, para que as nossa crianças, que serão a base do nosso Município
amanhã, possam também ter uma certa tranqüilidade no seu aprendizado.
Era
isso, nós, do PTB, vamos votar pela derrubada do Veto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Cyro Martini.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na
qualidade de Relator da Comissão de Educação, entendi de prolatar no sentido da
derrubada do Veto.
Ao
final do meu Relatório, eu assim me pronunciei: “A argumentação, no Veto, de
que a repercussão financeira seria de ‘expressivo acréscimo’, sabendo-se,
entretanto, que, percentualmente, o quadro de Professores e Especialistas em
Educação não compõe um número tão significativo, falece substância, ao nosso
juízo, a tal sustentação.
Quanto
à conseqüência incidente sobre professores ou afins sem qualificação de nível
superior também, assim pensamos, não deve ser por nós acolhido o Veto, pois
que, de qualquer sorte, são educadores. Se com vencimentos distintos, com
repercussões diferentes; se com vencimentos iguais, então nem há porque
distingui-los. Opinamos, por conseguinte, pela derrubada do Veto.”
Esse
foi, em resumo, o nosso Parecer, o nosso entendimento. Nós temos propugnado
nesta Casa como também nas nossas reivindicações, na qualidade de funcionários
públicos estaduais que somos, pela valorização dos quadros dos servidores
públicos. E esta há de ser a nossa coerência. Além de funcionários do Estado,
como o são também os professores funcionários do Município - funcionários como
nós, por conseguinte - nós temos, em comum com o magistério, a nossa formação
acadêmica. Eu sou formado e licenciado em Filosofia; a par disso também exerço
o magistério na Escola de Polícia, desde 1970. Afora o exercício da docência,
também fui Diretor de Ensino daquele estabelecimento por seis anos. O
sofrimento, o padecimento, o esforço, a luta dolorosa dos professores em favor
da valorização deles, não apenas como funcionários públicos, mas como docentes,
é algo que me diz respeito, é algo que está ligado ao meu currículo também.
Daí
por que a nossa preocupação a respeito dessa matéria e da derrubada do Veto. A
Administração Centralizada, com muita justiça e correção por esta Casa, viu
aprovada a redação do art. 55, relativo ao Plano de Carreira que lhe diz
respeito. Só esse fato da aprovação do art. 55 já seria argumentação bastante
para vermos aqui aprovada a redação do art. 6º do que diz respeito ao quadro
dos professores. Só esse fato seria o bastante. Se nós aprovamos matéria de
teor igual, não há por que agora votar de modo diferente, seria uma
incongruência, seria um posicionamento cuja consistência teria se caracterizado
pela fragilidade, pela incoerência. Por isso nós temos, no meu entendimento,
que trabalhar pela derrubada do Veto. O princípio isonômico, de outra parte,
que hoje perpassa por todos os artigos da Constituição Nacional, o princípio da
paridade, também é outro argumento que vem respaldar a nossa posição em favor
do magistério. Para funções assemelhadas, nós temos que dar a mesma
retribuição, nós temos que dar as mesmas vantagens, nós temos que reconhecer a
eles os mesmos direitos em termos pecuniários, ou seja, relativamente aos
vencimentos. Seria uma outra argumentação, clara, cristalina e simples, em
favor da reivindicação justa do Magistério municipal. De outra forma, nós
estaríamos discriminando, estaríamos agindo de forma errada e injusta com os professores.
Há
muitos que pensam que o professor se restringe ao trabalho exclusivo da sala de
aula. Estes praticam contra ele um equívoco. E não são pessoas apenas de poucas
luzes que assim pensam. Há muitos munícipes esclarecidos que se equivocam, se
enganam, pensam que o professor se resume “apenas” - apenas entre aspas porque
é algo de extrema relevância e importância -, àqueles minutos da sala de aula.
Se esquecem que o professor, em sua casa, previamente tem que planejar a sua
aula, a sua semana, o seu mês de trabalho, o seu ano letivo. Isso aí demanda
tempo, e muito tempo. E uma das características do professor é,
indubitavelmente, a sua responsabilidade, a consciência que ele tem com relação
aos destinos das crianças, dos jovens, e, por conseguinte, aos destinos do
Município, do Estado e da Nação. Esta responsabilidade, este compromisso é algo
que vibra como chama ardente na alma do professor. Para nós que convivemos com
o magistério, desde os bancos escolares e que tivemos e temos a oportunidade da
docência e que tivemos também a oportunidade de dirigir um quadro de
professores, significativo, da importância da Escola de Polícia, entendemos ter
autoridade bastante para reclamar em favor do Magistério esta que eu,
lastimavelmente, por me faltar talvez uma adjetivação mais qualificada, esta
migalha, esta miséria, é um vencimento básico em favor do professor. É algo
pouco significativo. Se nós fôssemos comparar as oportunidades de vencimento,
se nós tivermos a oportunidade de confrontar as outras carreiras de formação
superior com a dos professores, aqueles que não tiveram a oportunidade de ver
um contracheque de um professor, certamente ficará espantado com o salário
ínfimo, o salário pequeno do professor.
O
professor, a respeito dele sempre se costumou dizer que ele exercia uma função
como se fosse um sacerdote. O sacerdócio realmente é uma atividade de suma
importância, de suma relevância, todavia isso aí sempre desculpou o Poder
Público no sentido de o Poder Público ficar indiferente à sorte do professor ou
da professora; do professor como chefe de família, da professora como chefe de
família, também, com as suas responsabilidades próprias o Estado não tem mais
essa desculpa. Hoje nós temos que reconhecer o valor do professor. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Elói Guimarães. V.
Exª tem dez minutos.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós
entendemos que um dos fatores da crise brasileira reside na estrutura salarial
do País. Então, é preciso e é imprescindível que passemos na prática a romper
com as amarras que estrangulam o salário nas suas mais diferentes áreas. Falar
dos professores, do magistério, que é a atividade mais significativa, mais
nobre, que se poderia conferir a alguém, aquele que prepara a Nação e as
gerações. É pelas mãos dos professores que passa a Nação, que se molda, que se
dá o perfil da própria Nação. Mas se é bem verdade essa afirmativa,
reiteradamente colocada, por outro lado há necessidade de dotarmos o nosso magistério
daquelas garantias mínimas capazes de fazer com que se desenvolva este setor
importante que é a educação. É no professor que se encontra aquela peça
fundamental, sem a qual não teremos desenvolvido suficientemente a educação. Se
examinarmos, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, se estabelecermos um paralelo do
que ganha o professor, é bem verdade que tivemos algum avanço na Legislatura
passada, mas se fizermos um comparativo do que ganha um professor, nós só vamos
encontrar símile nos países subdesenvolvidos da África. O que ganha o professor
brasileiro e o que ganha o professor municipal, porque é toda uma estrutura, só
encontra paralelo com os países subdesenvolvidos da África.
Então
nós estamos diante dessa realidade, e é preciso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
na prática, efetiva, concreta, rompermos com esse subdesenvolvimento salarial,
com os subsalários porque realmente, claro dentro desse contexto maior, do
contexto dos assalariados brasileiros, arrochados fortemente, o professor tem
um subsalário, numa das áreas mais importantes e mais sensíveis para a formação
e para o caráter da própria Nação. Então me parece que uma questão é
fundamental e básica nesse sentido, a Casa tem que estabelecer o entendimento.
Há que se colocar de forma clara o entendimento de que o nosso professor tem é
um subsalário. O nosso professor, o professor municipal, o professor estadual,
o professor de um modo geral, tem um subsalário. Porque nos habituamos, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a aceitar todo esse quadro que nos impuseram de
subsalário, então é preciso que passemos, que iniciemos o rompimento dessas
amarras para especificamente dar ao professor alguma condição para que ele
possa exercer com a dignidade que se impõe este auto-magistério de ensinar e
educar. Mormente para o início da educação para os cursos primários. É a partir
dali, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que se começa a formar o caráter e a
personalidade da pessoa. Então, ao professor está reservado o papel da maior
importância. Mas não basta, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fazer o
reconhecimento retórico deste papel, é necessário dotar, equipar o professor
das condições necessárias para que ele possa atuar. O Veto aposto ao presente
Projeto não fundamenta a nosso juízo e não coloca essa realidade maior que é o
entendimento de que o professor recebe um subsalário. Poder-se-á dizer que o
professor do Estado ganha um pouco menos, mas a análise que se impõe é a
constatação de que o professor tem um subsalário que só se compara aos países
subdesenvolvidos da África. Estão aí os dados estatísticos mostrando que somos
a oitava economia do mundo.
Então,
precisamos quebrar essa estrutura que jugula, que algema os salários e o
salário do professor. Como e quando se faz isso? Exatamente nesses momentos
claros e objetivos é que precisamos colocar na prática efetiva o nosso
discurso, porque a partir de agora estaremos tomando uma decisão concreta,
transformadora da realidade. É claro que enfrentaremos e que existem
dificuldades financeiras, temos uma estrutura orçamentária, todavia não podemos
continuar com esse discurso a respeito de problemas ligados à capacidade
financeira, nós temos que um dia romper. É preciso romper, é preciso
revolucionarmos e a forma de tirar o professor do subsalário é exatamente nesses
momentos objetivos e concretos. Eu não tenho dúvida de que a Casa derruba o
Veto, porque tem a noção clara do subsalário do professor. Eu diria, até, em
relação a outras categorias numa atividade fundamental para o desenvolvimento
da Nação, que é o magistério e fundamentalmente o magistério nos seus primeiros
passos, em relação ao aluno.
Então,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fica aqui no nosso entendimento de que ou se
rompe definitivamente as amarras que vêm fazendo com que o magistério público
tenha um salário razoável ou vamos continuar eternamente homenageando o
professor, dizendo que o mesmo exerce uma função relevante, mas, por dentro,
criando situações de deterioração. Porque na questão da educação o professor
tem papel fundamental, mas para que ele possa desenvolver, desencadear, este
processo o mínimo que podemos fazer é dar-lhe as condições necessárias para que
ele, diante de seus alunos, possa desempenhar esta alta função de educar. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Flávio Koutzii.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, antes de
entrar no tema, gostaria de recordar, ou melhor, de informar, que tomarei como
norma de conduta individual, colocar da tribuna determinados procedimentos,
funcionamentos da Casa, ou de setores da Casa, que não sejam cumpridos, de
acordo com as normas e com os critérios democráticos funcionais adequados. Vou
colocar na tribuna quando essas coisas acontecerem, assim como eu fiz, quando
para surpresa minha e do Presidente da Comissão da Justiça, também, voou para a
mesa do Sindicato dos Corretores de Imóvel a Redação Final nem terminada pelo
Sr. Relator.
No
dia de quarta-feira, quando nós tivemos um debate em um nível semelhante a
esse, eu fiz uma intervenção, que sem presunção, e olhando os comentários e
algumas observações feitas por colegas Vereadores de outros partidos, acho que
refletiu, com seriedade e com certa qualificação, o entendimento que nós
tínhamos do porquê da manutenção do Veto, em relação à reivindicação dos
técnico-científicos. A súmula que resume as intervenções de todos os Srs.
Vereadores, daquela forma tecnicamente adequada, quatro, cinco linhas, o único
discurso que não estava era o meu. Eu conversei com o velho amigo Cói Lopes de
Almeida, que já me deu algumas informações, inclusive através de cartas. Mas,
sem desconsiderar a sua explicação, eu entendo o seguinte: não foi feito o
resumo do meu discurso, foi isso que aconteceu. O departamento responsável sabe
quem era o jornalista que tinha que fazer isso, era de outro partido. Acho que
não é assim que se luta politicamente.
Eu
ouvi falar, talvez seja lenda, nunca poderei provar, que, num momento dado
nesta Casa, os pré-releases do Ver. Antonio Hohlfeldt eram postos no
lixo e não iam para o jornal, pelas mãos diligentes de algum outro militante de
outro partido. Eu acho que não é assim, eu não acredito que alguém possa chegar
a ser poder e dirigir um país, usando qualquer meio para justificar os seus
fins. Trata-se, na verdade, de uma pequena questão, isso não iria alterar nada,
estas quatro ou cinco linhas. A advertência que faço daqui, num tom mesurado
mas com a contundência devida, é no sentido de alertar, até mesmo sem trazer
nomes, e já tenho inclusive a preocupação do responsável da Assessoria de
Comunicação Social, para que esse fato não se repita.
Entrando
na matéria, é óbvio que o debate hoje tem um parecido e uma semelhança
importante com o debate bastante exemplar de quarta-feira, onde embora
considerando as divergências e a votação final, sem presumir demais, me parece
que aconteceu uma tarde memorável aqui. Porque tanto os que defendiam a
rejeição do Veto quanto os que sustentavam a rejeição do Veto conseguiram
colocar de uma forma muito qualificada o seu entendimento. Do ponto de vista do
PT e da Bancada governista, houve um fenômeno do qual temos até um certo
orgulho. Nós sabemos que nesta tarde de quarta-feira nós perdemos a votação,
mas tivemos uma pequena vitória. Nós fomos escutados, nós articulamos sem vaia,
e com os ouvidos atentos, mesmo daqueles que vieram aqui expressamente para
obter outro resultado. Nos ouviram e acho que isso não foi por acaso, foi
porque foi possível dizer, mesmo funcionários mais que justificadamente
interessados em melhorar os seus salários, na medida em que partilhamos da
idéia de que todos os salários neste País são insuficientes e degradáveis,
especialmente os que concerne ao funcionalismo público. Eles conseguiram ouvir
de uma Bancada que dizia não ao seu anseio as razões e as explicações com
respeito e talvez levaram ao sair daqui alguns elementos para separar, ou
melhor, para relacionar os seus interesse setoriais e particulares dentro da
categoria com o destino da própria Prefeitura e é claro que este tema continua
vigente.
Nós
somos pela manutenção do Veto, pelas razões, não vamos reproduzi-las
integralmente hoje aqui, daquilo que é um debate, inclusive vai continuar
segunda-feira, nesta Casa, sim, dos limites orçamentários. É claro que tem
razão o Ver. Elói Guimarães quando diz que nós não podemos passar o resto da
vida justificando com os limites orçamentários a impossibilidade de aumentos
mais substanciais. Mas, estamos no começo deste processo e estamos frente a um
fato absolutamente singular, estamos inaugurando a nossa gestão a partir das
modificações do Plano de Carreira e Salários de dezembro do ano passado, com um
conjunto de funcionalismo que viveu duramente arrochado nos três anos do
Governo anterior, e pelo menos este mérito é importante e substancial, quer
dizer entram no mês de janeiro com certo grau, apenas, de recuperação de seus
níveis salariais.
Mas
o que acontece é que ao mesmo tempo que estamos discutindo os interesses -
quarta-feira dos técnico-científicos e hoje do professorado deste
Município -, estamos discutindo o problema
geral do salário de toda a categoria, do aumento que se pode dar ou que não se
pode dar, e a impossibilidade já afirmada pela Administração que ela não pode
dar tudo aquilo que lhe parece que seria correto e justificado.
Então nós dissemos e este dado não foi contestado, é muito importante isto, não foi contestado o dado na quarta-feira, de que o aumento que repercutiria na folha com a queda do Veto para os técnico-científicos implicava num aumento de 8% da folha. O debate passou por outro lado. Hoje, se este Veto fosse rechaçado nós somaríamos aos 8% da folha aprovado na quarta-feira, mais 9%. A categoria tem dois mil e trinta e nove professores, a repercussão se fosse concedido o aumento seria 548,770, antes evidentemente do aumento que cabe dar em relação à inflação de janeiro e fevereiro. Nós estaríamos entrando...
O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Não sei se corrijo V. Exª ou serei corrigido, mas parece que com a
derrubada do Veto os professores começarão a receber estes benefícios a partir
do mês de abril. O Orçamento que V. Exª faz referência é o orçamento do mês de
março, ele não é contemplado nem com o total do IVVC e nem mesmo com o ITBI e
sem falar inclusive nos aumentos normais que de mês para mês temos no
orçamento. Então, quer dizer que não seria mais os 8%, como coloca V. Exª.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Há um problema de raciocínio pelo lado,
digamos assim, mais matemático. O que estou dizendo não é que vai ser 8% do
total arrecadado que vai ser consumido. O que estou dizendo é que vai aumentar
8% do total da folha, com a aprovação de quarta-feira e vai aumentar 9% se esse
Veto for derrubado.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Flávio Koutzii, o Ver. Heriberto
Back cede o seu tempo a V. Exª.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Agradeço ao Ver. Heriberto Back.
O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, sem querer
atrapalhar o raciocínio de V. Exª, mas tem que convir comigo que com esses
aumentos substanciais na receita nós teríamos uma diminuição no impacto desta
gratificação, tanto a que foi dada para os técnico-científicos, como esta que
será dada para os professores.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Eu não convenho com V. Exª, porque tenho
opinião diferente e acho que ela é objetiva e, inclusive, polemizei com o Ver.
Artur Zanella, dizendo, ao menos, que já que se aumentava os
técnico-científicos, os 7% que a receita acrescentava e que era consumido por
esse aumento não aparecesse em cada discussão novamente. Sempre a mesma
parcela, justificando o aumento. Acho que isso é completamente óbvio.
Temos,
portanto, uma profunda divergência de interpretação. Me parece extremamente
surpreendente que um aumento no bolo salarial dos técnico-científicos, não
passe a aumentar o total da folha. É óbvio isso. E o mesmo acontecerá. Então,
eu mantenho as cifras e a porcentagem que identifiquei e esta é uma das razões
que nós sustentamos o Veto por uma responsabilidade global, com as questões da
Cidade, com as questões do conjunto salário e, segundo aspecto, que sustenta a
nossa posição, é a argumentação do Ver. Vieira da Cunha, do PDT, que tem sido
um debatedor e adversário fogoso da Administração Popular que, como é de praxe
nesta Casa, tem que dar um Parecer - ele é membro da Comissão de Finanças e
Orçamento - sobre a manutenção ou não do Veto. Ele diz textualmente o seguinte:
“Diferentemente da Gratificação incluída no Plano de Carreira da Administração
Centralizada do Município, que ora examinamos, atinge, indistintamente,
profissionais de nível superior e de nível médio. A Gratificação aprovada por
esta Câmara para a Administração Centralizada alcança apenas os funcionários
detentores de curso superior. Entendemos, portanto, que o Dispositivo vetado
não se harmoniza com o restante da Legislação Municipal e cria precedente
perigoso pois gerará solicitação da extensão da vantagem às demais categorias
de nível médio do Município.”
Ele
é pela manutenção do Veto Parcial no seu Relatório. Isto significa,
independente da reprodução que eu fiz aqui, dos limites orçamentários, existe
um outro problema de profunda implicação. Porque o que foi colocado pelo Ver.
Cyro Martini como uma necessidade de isonomia, questão colocada a nível da nova
Constituição, e um princípio de justiça elementar no campo do trabalho, deixa
de ser uma lógica a respeitar quando nós temos o que acompanhou a própria
aprovação do plano de dezembro que é uma fragmentação completa de estímulos,
complementos, adicionais e etc, FGs, em diferentes segmentos da Administração.
Então, o que é colocado no geral, corretamente, que é o princípio isonômico,
significa, hoje, uma desabalada carreira, a isonomia permanente, de que nós
temos 70% sobre o básico no Pronto Socorro, os Procuradores ganharam, e isso
parece injusto a muitos de nós, dois e meio vezes o básico; na Fazenda FG2 para
todos os servidores; na Administração os que preparam a ação de pagamento têm
FG para todos; na Junta Militar, 25% do básico para todos, Agente Fiscal mais
um e, agora, o que conseguiram os Técnico-Científicos.
Então,
é claro que o que está em jogo - e é um desafio para a Administração e para
todos nós - é que nós vamos ter que mexer nisso aí mais adiante, numa visão
mais global deste Plano para evitar o que me parece absolutamente claro, o
tratamento caso a caso, categoria por categoria. Então, não há isonomia. Cada
vantagem suadamente conquistada pela categoria “a” ou “b” desenvolve
imediatamente o efeito na outra categoria e nós desencadeamos um processo
absolutamente insustentável, não do ponto de vista da justiça dos que
reivindicam, mas da justiça no campo das necessidades de reservar o mínimo de
recursos para a cidade, para o seu funcionamento.
Essa
linha de argumentação, esses três aspectos, determina a nossa posição. Muito
obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Para discutir, Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
venho dizendo, eu venho falando há dias, e o Ver. José Valdir vem me plagiando,
nada melhor que um dia depois do outro. Ora, Sr. Presidente, vou procurar falar
calmo, baixinho, porque é difícil. O Ver. Décio Schauren, se não me engano,
pediu que nós ajudássemos a Administração. Nós queremos ajudar completamente.
Vamos fazer tudo para ajudar. Mas a culpa de ter feito tanta promessa, o PT, na
sua campanha, é que nos impossibilita. É difícil, a gente faz um esforço
tremendo para acompanhar o PT. Não conseguimos, quer dizer, daí a um pouquinho
mais fica muito ruim. Há dois dias atrás, num discurso que, por certo vai
marcar época nesta Casa, o não menos atilado e inteligente Ver. José Valdir
fazia desta tribuna uma referência ao mau pagamento do Governo Simon, ao
arrocho salarial. Aí eu até concordo com o Ver. José Valdir. Realmente, os
professores do Estado estavam muito mal pagos. A luta que o Ver. José Valdir fez
junto ao magistério, na busca de melhor pagamento para os seus colegas
professores, foi de todo louvável. Uma luta mais do que justa. Tanto é verdade
que ele hoje, nesta Casa, está numa representação também dos professores. Eu
até diria que a grande votação do Ver. José Valdir se deu no magistério, onde
desempenhou um papel importantíssimo, na busca de melhor remuneração aos
professores estaduais. É um atilado grevista, o que não é demérito. Eu sou
invejoso do Ver. José Valdir na sua luta em torno de reposição salarial para o
magistério. Como nada melhor que um dia depois do outro, estou ansioso para
ouvir o discurso do nobre Ver. José Valdir, esta manhã, para os seus colegas
professores. Eu estou aqui preocupado. Mas, Ver. José Valdir, fique tranqüilo
que o PDT também está meio equivocado.
A
incoerência do PDT, nesta manhã, é tanta, que esta sala é pequena para
contê-la. O Veto constante do Processo nº 2476, às folhas 26 e 27, é de autoria
do atual Secretário Nacional do PDT no País, o então Prefeito Alceu de Deus
Collares. E diz, nas suas razões de Veto, ao final: “Ante as razões aduzidas é
que veto parcialmente o Projeto de Lei nº 143/88, por contrário ao interesse
público.” Quer dizer, pagar o mínimo ao que o professor tem direito é contrário
ao interesse público. Mas o Prefeito Alceu Collares, o PDT, estava pensando mal
e este Veto pega de certo de surpresa o Ver. Líder do PDT, nobre Ver. Vieira da
Cunha, que, inexplicavelmente, homem voltado às lutas de reposição salarial
nesta Cidade, autor de um não menos belo discurso, Ver. José Valdir, nesta
tribuna, há dois dias atrás, pela reposição, pela consagração da conquista dos
técnico-científicos, emite um Parecer contrário ao direito dos professores.
Tem
uma coisa: a partir do momento em que a Câmara aprova uma proposta, é uma
vitória dos beneficiados com esta proposta. Os professores obtiveram, sim, uma
vitória na Câmara Municipal de Porto Alegre, quando foi votado o seu Projeto.
Na ocasião, havia 24 Vereadores em Plenário, 21 votaram sim, apenas três votaram
contra o seu Projeto. Isso foi no dia 14 de dezembro de 1988. E o Ver. Vieira
da Cunha emite um Parecer contrário a esta conquista do magistério. Nós saímos
daqui com dor de cabeça face aos debates e os dias dos grandes debates são às
segundas e quartas-feiras e já pensaram os Vereadores, e sinto o Ver. José
Valdir vai-me socorrer, da dor de cabeça que os professores têm, não é só
segunda e quarta-feira, é toda a semana ensinando as crianças desta Cidade,
deste Estado e deste País.
Realmente
é um trabalho que deveria ser melhor remunerado, nenhuma outra profissão dá o
grande resultado de aproveitamento destes profissionais, de qualquer
profissional, mais do que o magistério, do que o aprendizado na sala de aula.
Por isso, Sr. Presidente, eu acho, tenho certeza de que o notável Ver. Vieira
da Cunha haverá de refletir em torno do seu Parecer que é contrário aos
interesses e a esta conquista dos professores, que era a favor do Veto do
Prefeito Alceu Collares, há de refletir e entender que o momento é de consagrar
esta conquista dos professores.
E
digo mais, não estou vendo a totalidade da Bancada do PDT com assento nesta
Casa aqui presente. E se o PDT quisesse não tinha vetado esta matéria e nós
temos que cobrar coerência do PDT. A nossa Administração sim, o PDT era
Prefeitura? Sim. O PDT era Secretaria de Educação do Município? Sim, e vetou a
matéria. Mas, nunca é tarde, se o PDT quiser se redimir a oportunidade é só
hoje. Agora nisto eu retiro alguns Vereadores: Ver. Cyro Martini com Parecer
favorável, belo Parecer. O Ver. Elói Guimarães com vários Pareceres no Processo
todos favoráveis às diversas Emendas. Agora, felizmente, talvez não nesta Casa
mas no Executivo o PDT andou encaminhando mal, vetando um direito que deveria
ser consagrado.
Demais,
Sr. Presidente, eu espero que esse problema de dificuldade financeira trazida
sempre com discurso melancólico até condoído do Líder do PT, aliás, o Vereador
Líder do PT, tem desempenhado excelente trabalho nesta Casa quando faz a defesa
do Executivo. Ninguém pode negar a sua alta competência. Só que esse discurso
da falta de recurso nós viemos assistindo há dez anos. Eu sou Vereador há dez
anos, eu assisto isso aí. Quem for Vereador mais antigo assiste esse discurso
há muito mais tempo. E uma coisa é certa, se nós traçarmos agora, de sã
consciência quem vive em maior dificuldade, é o Município ou é a família do
professor? Quem é que atravessa a maior dificuldade financeira nesse momento?
Para concluir, o Município? Família do professor? Eu diria que é a família do professor.
Mas evidente, o Município não vai falir. Não vi ainda uma notícia de que o
Município tenha falido, por pagar bem, principalmente seus professores. Eu acho
que eu compreendo é um sacrifício a mais. É um sacrifício a mais para a
Administração Municipal, mas eu estou certo de que o PT terá alguns votos
favoráveis a esta conquista do magistério. Principalmente do Ver. José Valdir.
Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais oradores inscritos para
a discussão do presente Projeto, encerro a discussão do mesmo e vamos à
votação. Encaminhamento, se alguma Bancada deseja proceder encaminhamentos se
manifeste. (Pausa.) Não havendo Vereadores que queiram encaminhar, solicito,
convido o Ver. José Valdir e o Ver. Ervino Besson para que participem do
processo de execução e fiscalização do processo de votação.
Solicito
ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a
votação.
A
Mesa esclarece ao Plenário que “sim” aprova o Projeto e “não” mantém o Veto.
O SR. 3º SECRETÁRIO: (Após proceder à chamada.) Votaram 28
Srs. Vereadores, Sr. Presidente.
(É procedido o
escrutínio.)
O SR. PRESIDENTE: REJEITADO o
PLE nº 143/88, por 12 votos SIM e 16 votos NÃO. Mantido,
portanto, o Veto Parcial a ele aposto.
(Obs.:
Foram aprovados os Requerimentos conforme consta na Ata.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PTB, Ver. Luiz Braz.
O SR. FLÁVIO KOUTZII (Questão de Ordem): Queria ver se a Mesa podia, antes da
intervenção do Ver. Luiz Braz, fazer a comunicação dos Líderes com a
Presidência, antes que hajam ausências.
O SR. PRESIDENTE: Perfeitamente. A Mesa informa que recebeu
uma comunicação do Sr. Líder do Partido dos Trabalhadores, confirmando a
presença, aqui nesta Casa, na segunda-feira, às 10 horas da manhã, do Sr.
Secretário João Verle e do Sr. Secretário da Administração, Sr. Jorge
Buchabqui, para o que estão convidados e convocados todos os Srs. Vereadores.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Sr. Presidente, com a anuência do nobre
Ver. Luiz Braz, Líder do PTB, inscrito para uma Comunicação de Liderança, eu
pediria a V. Exª que apregoasse a Pauta que envolve muitos Processos e agradeço
a gentileza do Líder do PTB.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa consulta o nobre Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Perfeitamente.
O SR. PRESIDENTE: Passamos à
PAUTA – DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC.
Nº 0242/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 001/89, que declara de utilidade pública a
Sociedade Caritativa e Literária São Francisco de Assis “Zona Central”.
PROC.
Nº 0243/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 002/89, que declara de utilidade pública a
Associação Beneficente Social e Cultural.
PROC.
Nº 0244/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 003/89, que declara de utilidade pública a
Associação dos Antigos Alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
PROC.
Nº 0270/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 004/89, que declara de utilidade pública o
Círculo Operário Porto Alegrense.
PROC.
Nº 0693/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 007/89, que declara de utilidade pública a Sociedade
Beneficente Espírita Bezerra de Menezes.
PROC.
Nº 0697/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 008/89, que altera o artigo 1º da Lei nº 5885, de
25 de março de 1987, que denomina Parque Maurício Sirotsky Sobrinho o atual
Parque da Harmonia.
PROC.
Nº 0741/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 009/89, que altera anexo da Lei nº 6309, de 28 de
dezembro de 1988, e dá outras providências.
PROC.
Nº 0820/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 011/89, que altera o artigo 6º da Lei 6382, de 30
de janeiro de 1989, que fixa os vencimentos dos funcionários da Administração
Centralizada e Autárquica do Município, e dá outras providências.
PROC.
Nº 2863/88 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 170/88, que declara de utilidade pública a
Associação Comunitária do Lami.
PROC.
Nº 2864/88 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 171/88, que declara de utilidade pública o
Instituto Maria Imaculada.
PROC.
Nº 0335/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 004/89, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que institui a
passagem escolar unificada, altera a Lei nº 5548, de 28.12.84 e dá outras
providências.
2ª SESSÃO
PROC.
Nº 2834/88 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 166/88, que declara de Utilidade Pública a
Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho.
PROC.
Nº 0686/89 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 001/89, de autoria do Ver. Luiz Braz, que altera a Lei
Complementar nº 43, de 21 de julho de 1979, para instituir área funcional de
interesse urbanístico.
PROC.
Nº 0841/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 019/89, de autoria do Ver. Clóvis Brum, que altera a Lei nº
6091, de 14 de janeiro de 1988, dando nova redação e incluindo artigo.
3ª SESSÃO
PROC.
Nº 2692/88 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 155/88, que declara de utilidade pública a
Sociedade Espírita Reencontro – SER.
PROC.
Nº 2694/88 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 157/88, que denomina Rua Manoel Lentz da Silva um
logradouro irregular.
O SR. PRESIDENTE: Para discussão da Pauta, inscreve-se o
Ver. Isaac Ainhorn, que está com a palavra por dez minutos.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, neste
fórum próprio que é a nossa Casa, o Legislativo Municipal, sobretudo em
Discussão Preliminar de Pauta, infelizmente, até porque o Legislativo Municipal
de importante até agora recebeu só um projeto: o que reajusta os vencimentos
dos funcionários da Administração Centralizada e Autárquica.
No
entanto, este Projeto foi retirado pelo Sr. Prefeito. E até hoje, 31 de março,
término do mês de março, para nossa surpresa não chegou à Casa o projeto
definindo o reajuste dos funcionários municipais.
Então,
exatamente, o único projeto importante do ano, em noventa dias de
administração, o único projeto importante foi retirado. E isso nos causa
estranheza de uma administração que esperávamos, sendo uma administração
popular, trouxesse aqui um elenco de processo, que contemplasse os interesses
da população de Porto Alegre. Ou será que nós não estamos precisando de
projetos que venham para esta Casa, para que melhorem as condições de vida do
nosso povo e da qualidade de vida da nossa Cidade?
O Sr. Clóvis Brum: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu queria lembrar a V. Exª que V. Exª é muito feliz quando diz “só
um Projeto importante”, porque tem hoje na Pauta cinco que declaram de
utilidade pública determinadas sociedades, de autoria do Prefeito Olívio Dutra.
O SR. ISAAC AINHORN: Eu acho que ainda esses que declaram de
utilidade pública, eram alguns Projetos do Executivo, ainda subscritos pelo
Prefeito Alceu Collares, não tenho certeza absoluta, mas quase que certeza
total.
Mas
vejam V. Exas que eu estou trazendo aqui uma contribuição, em termos
de Projetos de Lei, que é uma medida fundamental para a racionalização do
serviço de transporte coletivo da cidade de Porto Alegre. É uma medida modesta,
ela não é uma medida pretensiosa, mas precisa de lei, para que ela possa ser
implementada. E nesse sentido eu estou submetendo aqui à Casa, aos Srs.
Vereadores, o meu Projeto de Lei, que unifica as passagens escolares. Hoje o
que funciona, é que cada empresa de ônibus possui a sua passagem escolar, se o
sujeito tem a passagem escolar da Nortran e passa o ônibus da Sopal, o
estudante não pode pegar o ônibus porque a passagem dele era da Nortran e não
era da Sopal. Evidentemente, quando já há um serviço centralizado de vale-transporte,
que o Sr. Prefeito pretende retomá-lo, e a Prefeitura comercializar o
vale-transporte, eu pessoalmente vejo com enorme simpatia essa medida. Ao invés
de intervir, da forma como interveio nas empresas de ônibus, o que deveria ter
feito era retomar o gerenciamento do vale-transporte, talvez com esse
gerenciamento e com os recursos do sistema financeiro pudéssemos inclusive daí
ter algum recurso mais, dentro dos cofres do Município, para melhorar a
qualidade do serviço do transporte coletivo em nossa Cidade. Mas o que estou
propondo é exatamente a unificação da passagem escolar. A elevação do número de
alunos transportados significa a diminuição da tarifa em cerca de 34%.
Inclusive solicito à Mesa que me forneça o meu Projeto. Pedi à Diretoria Legislativa
que fornecesse um projeto aqui e que não é o do Ver. Clóvis Brum. Houve um
lapso da Diretoria.
O Sr. Clóvis Brum: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) V. Exª Vereador está sendo muito feliz nesta manhã, aliás sempre
foi feliz nas suas intervenções e o será ao longo de sua vida pública.
O SR. ISAAC AINHORN: Falo votos que as de V. Exª também o
sejam.
O Sr. Clóvis Brum: Muito obrigado, Vereador. Mas eu esperava
que, nesta confusão de intervenção, encampação, realmente a Prefeitura resolvesse
o problema da passagem escolar. Acho que não precisava V. Exª estar
apresentando esse Projeto, bastava que o Prefeito decretasse e, resolvido o
problema: vale para todas as linhas da passagem escolar. Mas é necessário que
V. Exª apresente este Projeto para resolver esse problema. Me congratulo com V.
Exª e o PMDB vai acompanhar V. Exª no seu Projeto que é meritório e muito
importante.
O SR. ISAAC AINHORN: Eu acho, nobre Vereador, data vênia
do entendimento de V. Exª, que a passagem escolar que foi instituída pelo então
ilustre Vereador, figura extraordinária desta Casa, Martim Aranha, em 1955, pai
do nosso companheiro e colega de Câmara, durante muito tempo, Ver. Martim
Aranha Filho, ele, quando instituiu a passagem escolar em Porto Alegre, foi através
de Projeto de Lei.
O Sr. Clóvis Brum: V. Exª tem toda a razão nesse sentido.
Correções, através de lei.
O SR. ISAAC AINHORN: Então, todas as correções que devam ser
feitas no meu entendimento - até se não fosse por isso, até para a busca da
valorização deste Poder - porque a nossa competência já está tão diminuta, nós
temos que ver tantas ações dos Prefeitos Municipais, que praticam atos sem a
ouvida desta Casa, nós já temos que assistir a todo esse quadro, Ver. Clóvis
Brum, então, eu entendo que este Projeto vindo por esta Casa valoriza, enobrece
a ação do Poder Legislativo Municipal.
Nós
pretendemos atrair o artigo 1 deste Projeto: “Instituir a passagem escolar
unificada nos serviços de transportes coletivos em ônibus explorado, permitido
ou concedido pelo Município aos alunos e professores do ensino no Município de
Porto Alegre.
A
passagem escolar unificada terá circulação em todas as linhas urbanas do
Município e modelo uniforme e terá aceitação obrigatória pelo serviço de
transporte urbano em ônibus. Será emitida pelo Órgão competente.”
Então,
evidentemente, nós pretendemos, após a tramitação da Pauta, vir a requerer a
urgência deste Projeto, porque nós entendemos que devemos oferecer ao Município
de Porto Alegre este instrumento de simplificação da vida das pessoas que usam
o transporte coletivo em nossa Cidade. Nós já sabemos o quanto o usuário do
transporte coletivo em nossa Cidade é massacrado, Ver. Luiz Braz. Veja, V. Exª
às 23h30min, à meia-noite, passa um ônibus da CARRIS, ele não pode apanhar o
ônibus da CARRIS, porque a sua passagem escolar é da Sudeste, ou da VAP. Quando
um simples serviço de compensação, é a coisa mais simples, de ser executada e
de racionalização, evitando, inclusive, Ver. Giovani Gregol, as enormes filas e
a confusão que tem sido a compra da passagem escolar. E mais um dado, muitas
vezes o transportador dificulta até a aquisição da passagem escolar.
Então,
havendo a unificação da passagem escolar, todos estes problemas são eliminados.
Por essa razão, aqui estou, nesta manhã, discutindo este Projeto que entendo de
relevância para a melhoria da qualidade do serviço e que pode ser feito através
de um procedimento bastante simples, autorizado por Lei deste Legislativo.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira discutir a
Pauta, com a palavra, o Ver. Luiz Braz, em Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quem
conhece bem um Legislativo sabe que a maior arma que tem o Legislativo para
averiguar irregularidades no Executivo é uma Comissão de Inquérito. Quando nós
julgamos que alguma coisa não vai bem, nós do Legislativo temos esta
oportunidade, de, através de uma Comissão de Inquérito, averiguarmos os fatos,
para sabermos se aquilo que o Executivo está fazendo é lícito, ou não, se
contribui para a Cidade, ou não. É por isso que eu sempre levei com muita
seriedade as Comissões de Inquérito solicitadas aqui nesta Casa. E é por isso
também que, quando soube que um membro do PTB não podia participar desta
Comissão de Inquérito, o Ver. Edi Morelli, eu logo em seguida me dispus, muito
embora estivesse participando de várias outras Comissões, a participar da
Comissão de Inquérito que averigua os problemas do transporte coletivo
relacionados com os vales-transporte. E só me dispus a isso, apertando o meu
tempo, porque sabia muito bem da importância desta Comissão.
Mas,
infelizmente, ao que tudo indica, o que é importante para mim, e o que é
importante para a maioria dos Vereadores, não é importante para o Presidente da
Comissão de Inquérito, Ver. Nelson Castan. O Ver. Nelson Castan não está
dirigindo esta Comissão de Inquérito para que ela chegue a parte alguma. O Ver.
Nelson Castan está dirigindo esta Comissão de Inquérito para fazer brilhatura
em cima de um assunto muito sério. Os assuntos da Comissão de Inquérito têm que
ser discutidos no âmbito da Comissão. Somente depois destes assuntos serem
discutidos no âmbito da Comissão, somente depois de todas as denúncias terem
chegado e sido analisadas pelos membros da Comissão, é que o Presidente, ou
qualquer membro da Comissão de Inquérito tem o direito de sair do âmbito da
Comissão e levar as notícias para a imprensa, para que possam chegar
rapidamente aos telespectadores ou radiouvintes. O que não podemos conceber é
que, sem tomarmos conhecimento de denúncias, sem que tenhamo-nos reunido uma só
vez para analisar o que está acontecendo na Comissão Parlamentar de Inquérito,
que averigua o problema do transporte coletivo, o Ver. Nelson Castan vai até
uma emissora de televisão e relata nessa emissora as denúncias que a Comissão
não tem conhecimento. Ele, como Presidente, não é o todo-poderoso! Ele, como
Presidente, tem a missão de dirigir essa Comissão de Inquérito, para que ela
possa saber da verdade! O Presidente da Comissão não é o porta-voz da Comissão!
O Presidente da Comissão tem que organizar essa Comissão para que ela possa
colher os dados suficientes, para que ela possa debater esses dados em reuniões
que têm que ser marcadas, para que nós possamos contribuir para a Cidade.
O
que está acontecendo não é uma contribuição do Legislativo para com a Cidade. O
que está acontecendo mais uma vez nesta Casa - porque não é a primeira vez que
isso acontece - é que se utiliza um fato muito importante para a brilhatura de
um Vereador. Isso não pode continuar a ocorrer! O Legislativo não pode ser
tratado dessa forma! Nós não estamos aqui para brincar! Legislativo é alguma
coisa muito séria! Nós, que militamos aqui há vários anos - vou para o sétimo
ano agora, outros são mais antigos no Legislativo - sabemos que as coisas que
são tratadas aqui dentro, se forem tratadas dessa maneira, apenas servirão para
desacreditar cada vez mais o Legislativo e isto interessa àqueles, por exemplo,
que deram o Golpe de 64, e que ainda não saíram da frente do poder deste País.
Eles ainda estão aí. Enquanto nós não tivermos eleições presidenciais neste
ano, o ciclo ainda continua. E se ganhar o candidato da direita, o ciclo vai
permanecer.
Então,
eu quero que esta Casa tome as medidas necessárias para que esta Comissão de
Inquérito, que investiga problemas no transporte coletivo, aja com seriedade!
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum, em
Comunicação de Liderança.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o
assunto trazido pelo Ver. Luiz Braz reflete uma preocupação que eu já tive a
oportunidade de traduzir pessoalmente ao Ver. Lauro Hagemann. S. Exª talvez não
tenha refletido naquele momento, mas não deu a minha preocupação a dimensão que
deveria merecer.
Há
num artigo do Regimento Interno, me parece que é na parte da Votação em que se
estabelece que o Vereador que tiver interesse em alguma matéria ele pode-se
declarar suspeito e não votar. Ora, o processo inquisitório, o milenar processo
inquisitório residia onde? Residia na autoridade que acusava, ouvia, julgava e
executava a sentença. Então me parece que nós estamos preocupados no sentido de
que quem requer uma Comissão de Inquérito nem a integre, a fim de que as denúncias
sejam conduzidas com isenção total. Nós não temo-nos preocupado com isso e isso
é muito sério. Jogam uma suspeição, porque se alguém acusa e também julga é o
princípio do inquisitório, nós estamos retornando a muitos séculos.
Na
minha primeira legislatura já havia esta preocupação: quem requeria já não
podia ser Presidente e nem Relator, já havia um acordo, que não deveria ser um
acordo, deveria ser um dispositivo regimental. Mas diz o Regimento que todo o
Vereador que tenha interesse em alguma matéria e peço para a Diretoria me
socorrer, é suspeito, pode-se declarar suspeito e não votar a matéria. Imaginem
se todo o Vereador que requer uma Comissão de Inquérito, está acusando, fica
muito difícil para que quem acuse, também julgue. Em última instância, o
Presidente de uma Comissão de Inquérito, trabalha com a Comissão de Inquérito,
a princípio pode realizar uma série de diligências, até sem consultar, com os
integrantes da Comissão. Por isso eu acredito que as futuras Comissões de
Inquérito, para que tenham melhor aproveitamento, uma respeitabilidade por
parte da opinião pública tem que se cuidar neste sentido, senão, o princípio do
processo inquisitório é horrível: acusa, ouve o indiciado, julga e até executa
a sentença. Isso não pode acontecer, estamos cometendo um profundo engano.
Claro, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que eu atribuo isto às pessoas que não
têm uma formação jurídica, porque quem tem qualquer princípio de formação
jurídica vai concordar de que quem acusa não pode julgar, no mínimo, não pode
integrar este corpo de julgamento.
Por
isso, Sr. Presidente, acredito que a Comissão de Inquérito que versa sobre
transporte coletivo de Porto Alegre, ela tem procurado desenvolver suas
atividades. O relator tem constantemente falado nesta tribuna que não pode se
manifestar, porque é relator de uma Comissão, mas em verdade, estão vazando
informações que até poderiam ser de vital importância para uma apreciação mais
séria, mais idônea sobre este problema do transporte coletivo da Capital.
Portanto,
acredito finalmente que para a composição de futuras Comissões de Inquérito, os
requerentes, os denunciantes, eticamente olhem para este aspecto, não é ético e
na justiça não teria nenhuma eficácia jurídica, seria simploriamente derrubada
qualquer pretensão de quem acusa, julga e encaminha finalmente à Justiça.
Não
quero abusar da condescendência no nobre Presidente, mas o art. 111 parágrafo
1º, das disposições preliminares, então já se declara impedido quando tiver
interesse da matéria. Imaginem os senhores numa Comissão de Inquérito o
denunciante presidir a Comissão. O trabalho do Ver. Castan tem sido para mim um
trabalho muito bom, eu tenho sido auscultado constantemente, tenho prestigiado
a Comissão requerida pelo Ver. Nelson Castan, agora eu apelo para que a Mesa
Diretora da Casa se preocupe com esse assunto que é muito grave. Ninguém que
acusa pode julgar, eu no mínimo acho, Sr. Presidente, que a pessoa interessada
numa Comissão de Inquérito em função de denúncias que tem um Vereador, no
mínimo não deveria nem integrar a Comissão, para ser totalmente isenta de
qualquer decisão tomada por essa Comissão.
Esse
assunto, Sr. Presidente, eu queria alinhar já há mais tempo, e o Ver. Luiz Braz
traz no seu discurso dessa manhã essa preocupação e portanto eu deixo aqui para
que a Mesa reflita na constituição da Comissão, em que pese as Lideranças
indicarem. Eu acho que não basta que a Liderança indique. Eu acho que tem que
se aplicar o Regimento Interno. Se alguém acusar, pedir uma Comissão Inquérito
já deve se julgar impedindo de participar dessa Comissão até para cobrar da
Comissão, falar publicamente, questionar a Comissão, ficar de livre atirador e
na busca da justiça pretendida pelo resultado dessa Comissão. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em nome do PT, uma Comunicação de
Liderança. Com a palavra, o Ver. Heriberto Back, cinco minutos com V. Exª.
O SR. HERIBERTO BACK: Eu vou pedir a tolerância dos nobres
Vereadores, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, e também a atenção da Bancada do
PMDB, porque um dos assuntos que pretendo abordar é uma missão que peço a eles.
Mas
sobre esta questão da Comissão de Inquérito eu vou usar esta tribuna, inclusive
com a presença da minha Bancada, para repetir uma observação que eu fiz na
última reunião da Comissão de Inquérito já com a Casa vazia completamente, mas
eu acho que é importante e está na gravação, e não é para repetir um incidente
com o Ver. Isaac Ainhorn, que eu considero superado. Mas para dizer da posição
que nós tomamos quanto a esta posição. Nós julgamos inclusive que essa Comissão
Parlamentar de Inquérito, rigorosamente falando, uma vez que existe um
Inquérito na Polícia, existe um processo sendo remetido à Justiça, ela
rigorosamente não seria necessária. Mas em nenhum momento a Frente Popular se
opôs à efetivação dessa Comissão. E a nossa Bancada da Frente Popular tem
participado, sempre, com todo o “quorum”, porque temos interesse em que ela
seja levada em toda a sua profundidade. Interessa-nos a verificação desses
fatos, como deve interessar a todos os Vereadores e nós temos exigido e vamos
continuar exigindo que haja “quorum” qualificado para o funcionamento desta
Comissão. Já chegaram a me dizer que CPI é uma das poucas coisas sérias desta
Casa - e não sou eu quem está dizendo, mas um velho Vereador desta Casa. Então,
nós exigimos este “quorum” qualificado e exigimos que - e é pena que não esteja
aqui o Ver. Nelson Castan - a Comissão se reúna para deliberar os passos que
têm que ser dados. Na sexta-feira passada, quando esteve aqui o Guerreiro, o
depoimento dele foi interrompido pelo tardar da hora e também porque já não
havia “quorum”. Eu não fiz perguntas a ele, o Ver. Gregol não fez perguntas a
ele e simplesmente na terça-feira está convocado aqui o Delegado de Polícia e
eu não estou sabendo de nada.
Quer
dizer, isso é CPI ou é o próprio inquérito? Quer dizer, se existe uma CPI ela
tem que se reunir e deliberar os passos que tem que dar porque se tivesse
deliberando não teria acontecido este incidente, que eu não vi pela TV, mas que
me chamaram a atenção, como também e disse muito claramente aqui: nós temos
responsabilidade em não transformá-la simplesmente numa manchete de abertura e
depois se esvazia e não se chega a conclusão nenhuma. Acho que primeiro devemos
apurar todos os fatos e, depois, as manchetes.
Agora,
foi aberta a Comissão, nós a requeremos, a julgamos desnecessária, mas estamos
dando força para a mesma e, em respeito aos Vereadores que a requereram nesta
Casa, queremos que ela funcione integralmente, que apure todos os fatos, com
“quorum” qualificado.
Eu
soube também que o Ver. Antonio Hohlfeldt, convidado pela Comissão dos
Transportes, não compareceu a esta Casa. Eu estou nesta Comissão. O Ver. Lauro
Hagemann é da Comissão de Transportes desta Casa e eu não tenho conhecimento de
nenhuma convocação ou convite ao Ver. Antonio Hohlfeldt, Secretário dos
Transportes, para comparecer nesta Casa. Se esse convite tivesse partido da
Comissão de Transportes eu seria o primeiro fiscal a exigir a presença do
Secretário Antonio Hohlfeldt aqui, como tem sido norma da nossa Bancada. Nós é
que fazemos questão que os nossos Secretários compareçam a esta Casa, como já
esteve aqui o João Verle - e vai estar novamente na próxima segunda-feira -
como já esteve o Secretário da Administração, como já esteve a Secretária da
Educação, só que não a requerimento nosso, mas temos todo o interesse que os
Secretários venham a esta Casa. Agora, o Ver. Antonio Hohlfeldt não foi
convidado pela Comissão de Transportes desta Casa. Não sei quem o convocou, ou
será que agora se convoca pelo rádio? Não sei se o Regimento Interno prevê esse
assunto e nem vou pedir, evidentemente, que a Diretoria Legislativa verifique.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o parágrafo 1º do artigo
40, diz o seguinte (Lê.): “Um membro da Comissão Permanente que tiver interesse
pessoal na matéria ficará impedido de votar, devendo, porém, assinar o
respectivo parecer com a ressalva ‘impedido’”. Há uma série de artigos que se
reportam à constituição da Comissão de Inquérito. Por isso, pediria que a Mesa
encaminhasse urgentemente o problema, as intervenções havidas nesta manhã, à
Comissão de Justiça para que esta se manifestasse sobre o assunto. Sou grato.
O SR. PRESIDENTE: Registrada a Questão de Ordem de V. Exª
com o respectivo Requerimento.
Liderança
com o PDT. A palavra com o Vereador Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em razão
desse debate e das questões suscitadas agora em relação à questão desta
Comissão de Inquérito, e o nome exato, sob o ponto de vista regimental não é
CPI, é Comissão de Inquérito, embora pela sua natureza seja, evidentemente,
parlamentar porque é feita no âmbito do Legislativo, disse-o bem o Ver. Heriberto
Back quando referiu que já tinha ouvido falar que era um instrumento importante
que possui o Legislativo Municipal na busca do esclarecimento da verdade.
Entendemos, exatamente, que não há, rigorosamente, no Regimento, uma mecânica
clara e definida com relação ao processamento desta matéria. Há, isto sim,
algumas obras de doutrina que desenvolve o tema das CPIs. Entendo, exatamente,
neste momento uma oportunidade importante que se tem nesta Casa para começar a
desenvolver uma espécie de jurisprudência sobre os procedimentos em matéria de
Comissão de Inquérito. Quero dizer que houve até um incidente. Mas um incidente
que, bem o disse o Ver. Heriberto Back, está totalmente superado e eu acho até,
embora eu estivesse naquela oportunidade sustentando que a Comissão de
Inquérito, Ver. Lauro Hagemann, podia funcionar, naquele momento, sem o
“quorum” qualificado, eu tenho a impressão de que a Comissão de Inquérito deve
funcionar com o “quorum” qualificado, ou seja: a maioria dos membros presentes,
mais um. Sem o que ela está prejudicada no seu funcionamento, até do ponto de
vista da imagem do Poder Legislativo, do ponto de vista da imagem da Comissão
de Inquérito em relação aos depoentes. Ela tem que ter um caráter sério. Um
caráter solene, como têm os atos do Poder Judiciário e, naquele momento,
sobretudo, quando ela está sendo Comissão de Inquérito, ela tem essa natureza
judicante, ela tem esta natureza quase que juridicial, ela está apurando fatos
que envolvem alguma questão. Tenho a impressão, apenas, de que não podemos
chegar ao ponto tão rigoroso, aí sim Ver. Luiz Braz, que um requerente da
Comissão não possa participar porque teria interesse na matéria porque ele é
denunciante. Não, rigorosamente, todos nós, nós estaríamos limitando o direito
da participação deste Vereador numa Comissão que ele tem interesse sobre a
matéria. Eu acho que neste sentido ela teria que participar até porque, não
fosse isso, o requerimento da Comissão de Inquérito do Ver. Castan, ele teve
uma natureza abrangente, ele quer averiguar os fatos que envolvem as denúncias
do vale-transporte, a célebre questão das fichinhas e mais questões do
transporte que hoje se encontram sob intervenção na cidade de Porto Alegre.
O
que eu concordo e acho que nós, inclusive com a responsabilidade que temos e a
gente evidentemente sabe a importância que têm os meios de comunicação para os
trabalhos do legislador - evidentemente devemos ter o cuidado com as
informações dos elementos que levamos ao conhecimento geral. Evidentemente que
nisso eu concordo com o Vereador e até acho que a gente tem que ter uma reunião
séria nesta Comissão para evitar que os fatos filtrem da Comissão. Tanto é que
eu pedi em certo momento para que ela tenha o rigorismo, exatamente da
importância que tem. Tanto é que cheguei a requerer, não pode ser votado porque
não tinha “quorum”, que as sessões da Comissão que elas tivessem, que algumas
dessas sessões, fossem uma espécie de segredo de justiça. Que elas fossem
reservadas, pela importância e a natureza dos depoimentos que são trazidos
nesta Comissão de Inquérito ou em outras que possa haver, para que ela seja
respeitada, para que ela possa ter uma serenidade, seriedade em todo o seu
trabalho.
Por
todas essas razões, acho que vou levar pessoalmente, transmitir, e acho que é
importante que ela se reúna e defina o seu processo de regimentalização. Isso é
fundamental. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Já que se está falando em Comissão de
Inquérito e como nós já tivemos tantas Comissões de Inquéritos aqui nesta Casa,
apenas quero dizer para o Plenário e para V. Exª, na Mesa, de que as Comissões
de Inquérito devem ser abertas, a imprensa pode participar, todos podem
participar. Ela não pode ser fechada, inclusive qualquer reunião da Comissão de
Inquérito numa sala fechada ela não tem valor algum.
Agora,
o que não pode é o membro da Comissão de Inquérito levar essas notícias lá fora
primeiramente. Ela tem que ser resolvida. Todas as denúncias têm de ser
resolvidas no âmbito da Comissão.
O SR. HERIBERTO BACK (Questão de Ordem): Um Requerimento se é que é possível
fazer. É que, diante dos fatos aqui colocados - já tem inclusive marcado, já
recebi convite para no dia 9 ouvir o Delegado de Polícia -, não interrompeu.
Não houve nenhuma reunião, vou requerer que haja uma suspensão temporária da
Comissão, pelo menos enquanto ela se reúne, dos atos da Comissão. Enquanto ela
não se reúne, ela não pode prosseguir.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa responde a questão solicitada pelo
Ver. Heriberto Back, dizendo que a Mesa vai se reunir, na próxima
segunda-feira, se possível para tomar conhecimento dos relatos feitos da
tribuna, para que se possa colocar no devido lugar o funcionamento desta
Comissão, porque ela não interessa apenas ao Vereador que a solicitou, aos integrantes
da Comissão, mas, sim, interessa à Câmara Municipal de Porto Alegre, como
Instituição.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, corroborando com V. Exª,
só para dizer que a estas alturas estaria prejudicada uma decisão desta natureza,
até pelo “quorum”. Agora, evidentemente, estas questões entendo que devem ser
decididas e debatidas no âmbito da Comissão, até pela valorização, com o
objetivo da valorização. Mas, a providência de se ouvir a Mesa e as Lideranças
é correta.
O SR. PRESIDENTE: Declaro encerrada a Sessão.
(Levanta-se
a Sessão às 13h41min.)
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